“Não pretendo ser bem-educado desta vez”, afirmou Joe Biden, referindo-se à senadora Kamala Harris que, no final de junho, criticou fortemente o antigo vice-Presidente.

No primeiro debate emitido nas televisões, Joe Biden mostrou dificuldades em responder a questões sobre a estratégia para bater Donald Trump e a sua posição em relação à segregação racial, tema muito sensível para o eleitorado negro, entre o qual goza forte popularidade.

A sua prestação no debate realizado em Miami fê-lo perder alguns pontos nas sondagens, mas continua a ser confortavelmente favorito, com 29,3% de intenções de voto, de acordo com o portal RealClearPolitics, que faz uma média das diferentes sondagens no país.

No entanto, o último debate mostrou que a senadora californiana Kamala Harris pode ser uma rival à altura, tendo ganhado algum estatuto como “presidenciável”, ficando nos 11,8%.

Joe Biden apresenta-se a uma grande distância do senador independente de Vermont e “socialista” autoproclamado Bernie Sanders (15%) e da senadora progressista Elizabeth Warren (14,5%).

Mais longe ainda, encontra-se o jovem autarca de South Bend (Indiana) Pete Buttigieg, cujas sondagens apontam para 5% de intenção de voto, enquanto os restantes candidatos se ficam por números inferiores a 3%.

Para os candidatos mais longe do nível “favorito”, é essencial causar uma boa impressão neste debate para terem uma hipótese de participar na próxima série de debates, programada para meados de setembro, em que as regras de participação serão mais restritivas.

À semelhança do primeiro, realizado no final de junho em Miami, o debate será dividido em duas sessões, a realizar na terça e na quarta-feira, para assegurar que cada um dos 20 candidatos tem um tempo mínimo para falar.

A primeira sessão, na terça-feira, irá colocar frente-a-frente os dirigentes da ala progressista do partido — Elisabeth Warren e Bernie Sanders — cujos programas são muito próximos em questões como o clima, a saúde, a educação e a imigração.

Estes dois candidatos serão acompanhados de outros oito pretendentes, entre os quais se encontra Pete Buttigieg.

O jovem autarca de 37 anos teve uma ascensão muito rápida desde que entrou na corrida, no final de janeiro, já que era então completamente desconhecido do grande público.

Pete Buttigieg tornou-se o primeiro candidato de peso à Casa Branca a declarar-se homossexual, mas está a enfrentar dificuldades desde a morte de um negro, morto em meados de junho por um polícia branco na cidade onde é presidente da câmara.

No dia seguinte, quarta-feira, Joe Biden e Kamala Harris estarão no centro das atenções, sendo acompanhados na sala por candidatos como Cory Booker, senador de New Jersey que chamou Joe Biden de “arquiteto do encarceramento em massa” por ter elaborado uma lei que encheu as prisões de negros no final dos anos 1990.

Em Detroit, os candidatos deverão evocar as últimas declarações de Donald Trump, que, este fim de semana, atacou violentamente um democrata negro eleito por Baltimore, considerando a sua circunscrição “repugnante e infestada de ratos”.

“É importante para nós chamar a isso aquilo que é: racismo”, disse o aspirante hispânico à Casa Branca Julian Castro.

Joe Biden tem liderado as sondagens desde que lançou a sua candidatura, apesar das “picadas” lançadas quer por Donald Trump, quer por outros candidatos sobre a sua idade – 76 anos – e a sua capacidade de manter o ritmo exaustivo das primárias e depois da campanha às presidenciais

Segundo o RealClearPolitics, o atual Presidente perde as eleições se enfrentar Joe Biden ou Bernie Sanders nas urnas, marcadas para 03 de novembro de 2020, mas ganha se a oposição Democrata for representada por Elizabeth Warren ou Kamala Harris.