A sugestão de Trump constituiria um crime ao abrigo da lei da Carolina do Norte, bem como fraude eleitoral, que é precisamente o tipo de problema que o Presidente diz querer evitar por todos os meios nas eleições de 03 de novembro, em que procura ser reeleito.

“Que o enviem [o voto por correspondência] e que votem, e se o seu sistema for tão bom como dizem, então obviamente não poderão votar”, disse Trump aos jornalistas durante uma visita a Wilmington, na Carolina do Norte.

O Presidente repetiu essa ideia a alguns dos apoiantes que o esperavam quando aterrou naquela cidade, dizendo-lhes: “Enviem [o vosso voto por correio] mais cedo e depois vão votar [pessoalmente]. Não podem deixá-los tirar-vos o voto, estas pessoas estão a fazer política suja”.

Trump tem insistido, sem provas, que o voto por correspondência, que muitos estados estão a expandir devido à pandemia, para evitar grandes multidões no dia das eleições, pode dar origem a fraude.

O Presidente dos Estados Unidos só aceita o voto por correspondência quando os cidadãos estão fora do estado onde estão registados no dia das eleições, e ele próprio defendeu o facto de ter utilizado este método para votar no território onde tinha a sua principal residência, a Florida.

Segundo o New York Times, Trump falou recentemente em privado com os seus conselheiros sobre a ideia de instar as pessoas a votar duas vezes, precisamente porque a sua comitiva está preocupada que a campanha do Presidente contra o voto pelo correio possa dissuadir os seus próprios apoiantes de votar.

Um porta-voz da comissão eleitoral do estado da Carolina do Norte, Patrick Gannon, disse ao New York Times que o sistema eleitoral do estado impediria uma pessoa de votar duas vezes, porque os funcionários teriam acesso a registos que mostram se o eleitor já exerceu ou não o seu direito de voto pelo correio.

“Votar duas vezes intencionalmente é um crime”, disse Gannon.

A Carolina do Norte é um dos estados onde as sondagens mostram uma corrida mais apertada entre Trump e o seu rival nas eleições de novembro, o democrata Joe Biden, que lidera os inquéritos por apenas 1,6 pontos percentuais nesse território, dentro da margem de erro.