Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) acordaram hoje uma declaração na qual “convidam” o Eurogrupo a apresentar dentro de duas semanas propostas que tenham em conta os choques socioeconómicos sem precedentes causados pela pandemia de covid-19.
Numa declaração publicada em vídeo horas depois do final do Conselho Europeu, Mário Centeno anuncia: “Vou convocar os ministros das Finanças para uma reunião na próxima semana para avançar rapidamente no nosso mandato”.
De acordo com o também governante português, os ministros das Finanças da zona euro vão “considerar medidas políticas ao nível da UE para apoiar a recuperação” económica.
Mário Centeno, que também participou na cimeira de líderes enquanto presidente do Eurogrupo, adianta ter apresentado, na ocasião, “os pontos essenciais para um apoio referente à crise gerada pela pandemia, suportados por um conjunto de ferramentas já existentes do Mecanismo Europeu de Estabilidade [MEE]”.
O responsável deixou ainda garantias aos líderes europeus sobre a "preparação do Eurogrupo para concluir este trabalho e procurar outras soluções inovadoras com todas as instituições”, segundo conclui na declaração.
Ao fim de cerca de seis horas de discussões, através de videoconferência, os líderes dos 27 adotaram uma declaração conjunta que convida o fórum de ministros das Finanças da zona euro, presidido por Mário Centeno, a apresentar propostas, “dentro de duas semanas”, que “tenham em conta a natureza sem precedentes do choque de covid-19”, que afeta as economias de todos os Estados-membros.
“A nossa resposta será reforçada, se necessário, com mais ações de uma forma inclusiva, à luz dos desenvolvimentos, de modo a darmos uma resposta abrangente”, lê-se na declaração do Conselho Europeu.
No início da semana, os ministros das Finanças da zona euro privilegiaram como solução o recurso a uma linha de crédito com condicionalidades do MEE, solução que não agrada a um conjunto de países, entre os quais Itália, Portugal e Espanha, que, juntamente com outros países, reclamaram antes a emissão de dívida conjunta europeia (‘eurobonds’, ou ‘coronabonds’).
De acordo com várias fontes diplomáticas, o chefe de Governo de Itália reclamou durante o Conselho Europeu realizado por videoconferência que a UE encontrasse uma resposta comum adequada à pandemia de covid-19 no prazo de 10 dias.
O primeiro-ministro do país europeu mais afetado pela pandemia – Itália contabiliza mais de oito mil mortos – ter-se-á manifestado muito descontente com a “resposta” contida no primeiro esboço de declaração do Conselho Europeu, tendo mesmo recusado assiná-la, por não conter instrumentos financeiros verdadeiramente “adaptados a uma guerra”, segundo adiantaram vários órgãos de informação, citando fontes governamentais italianas.
Naquele que foi o terceiro Conselho Europeu por videoconferência no espaço de três semanas para discutir a resposta conjunta à pandemia de covid-19, vários Estados-membros reclamaram uma resposta da UE verdadeiramente à altura da crise, designadamente através da mutualização da crise, mas esta ideia continua a conhecer grande resistência por parte de alguns países, caso da Alemanha, como o confirmou no final a chanceler Angela Merkel, ao afirmar que tal não é uma opção, nem para Berlim, nem para outras capitais.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais 505 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 23.000.
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