"Creio que percebemos já aqui, quando hoje discutimos a ascensão dos populismos e da extrema-direita na Europa que Portugal não é imune a esse fenómeno. Está aqui o rosto [Nuno Melo]. Está aqui o rosto da extrema-direita, as ‘Voxes' que por essa Europa fora vão pululando", afirmou João Ferreira, já na parte final do confronto, referindo-se a declarações recentes do adversário sobre o partido espanhol Vox.
Nuno Melo, que já tinha afirmado no início da discussão no frente-a-frente transmitido na RTP3 que "os extremismos são um problema, sejam de direita sejam de esquerda", devolveu o epíteto, vincando que "toda a gente sabe que o aliado [espanhol] do CDS no Partido Popular Europeu é o PP".
"A única coisa que rejeito são os duplos critérios de quem acha o Vox de extrema-direita e não acha o PCP de extrema-esquerda quando convida delegações das FARC, terroristas colombianos, para a Festa do Avante, delegações da Venezuela, da Coreia do Norte, os piores torcionários do planeta que o PCP leva pela mão", respondeu o centrista.
O eurodeputado Nuno Melo tinha começado por dizer que este seria "o debate mais ideológico de todos", porque ambos representam "opostos, um comunista e um democrata-cristão".
"O PCP defende basicamente as economias tipo planificado, eu defendo economias de mercado. O PCP defende a saída do euro, nós defendemos a manutenção e aperfeiçoamento da zona euro. O PCP defende a saída da União Europeia (UE), nós defendemos a manutenção", indicou, embora João Ferreira desmentisse a intenção comunista de abandono da UE.
Os candidatos foram abordando vários temas das instituições europeias como a moeda única, a união bancária, fundos comunitários ou quotas leiteiras, mas também de índole nacional, voltando a trocar acusações sobre os respetivos sentidos de voto, tanto em Bruxelas e Estrasburgo como no parlamento português.
"Não há nenhuma varinha mágica para resolver estes problemas. O que se exige são políticas tanto no plano nacional como europeu que afrontem as imposições da UE contrárias ao interesse nacional e afirmem a prevalência sobre essas imposições das necessidades e interesses do povo português", defendeu o eurodeputado comunista, após reiteradas críticas à arquitetura e funcionamento do euro.
Nuno Melo afirmou que "o João Ferreira e o PCP não podem, chegados a 2019, dizer que o problema do país não tem nada que ver com o PCP".
"Isso já lá vai, quando o PCP era oposição. Neste momento, temos um desaproveitamento criminoso dos fundos comunitários que se reflete na degradação mais inacreditável dos serviços públicos. Isto acontece por uma governação do PS, BE e PCP e o resto é conversa. Não há nenhum orçamento do Estado desde 2015 que não tenha sido aprovado com o voto do PCP", disse.
O cabeça-de-lista da CDU frisou que os orçamentos do Estado aprovados "consagraram avanços, medidas positivas, por iniciativa do PCP e CDU, desde passes sociais a aumentos das pensões, valorização dos salários, diminuição de taxas moderadoras, 7.000 trabalhadores para a saúde", entre outras, e relembrou que o CDS-PP votou contra propostas de melhoria da ferrovia na Assembleia da República.
"A sua coligação é com o PS, não é com o CDS, não faça confusão. Ou o PCP nesta coligação é uma espécie de fantoche ou muleta que não conta para nada ou então está bem com o que tem", retorquiu o cabeça-de-lista do CDS-PP.
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