“As Forças de Apoio Rápido espalham notícias falsas de fora do Sudão e reivindicam o controlo do Comando Geral e do Palácio da República”, disseram as Forças Armadas sudanesas em comunicado.

Anteriormente, o grupo paramilitar sudanês Forças de Apoio Rápido (RSF na sigla em inglês) anunciou que assumiu o controlo do Palácio Presidencial em Cartum, depois de confrontos com o exército.

A informação foi divulgada num comunicado também citado pela agência norte-americana AP, que alertou para a impossibilidade de uma confirmação independente do que afirma o grupo paramilitar.

As milícias RSF disseram também que tomaram o aeroporto internacional de Cartum, bem como um aeroporto e uma base aérea na cidade de Marawi, cerca de 350 quilómetros a noroeste da capital.

As forças armadas apontaram, por seu lado, que “enquanto alguns dos seus soldados e oficiais [das RSF], que já não estão qualificados militarmente na ausência total do seu comando supremo e superiores fogem e deixam as armas nas ruas, outros entram nos bairros residenciais para se refugiarem entre os cidadãos”.

Noutro comunicado, admitiram que as RSF estavam a pressionar as suas forças para controlar os principais prédios do país.

O Exército também informou que o comandante das RSF no Nilo Branco entregou “todas as suas forças, acampamentos e equipamentos ao comando do Exército no estado e anuncia que se juntará à luta” com o Exército, que seria oficialmente a primeira unidade paramilitar a desertar das fileiras dessas unidades.

O Exército já qualificou as RSF, cujo líder é o vice-presidente do Conselho Soberano e número dois do Exército, Mohamed Hamdan Dagalo, vulgo “Hemedti”, como “milícias rebeldes”.

A força aérea começou a bombardear as posições das FAR após terem avançado na batalha campal, alegando terem tomado o Palácio Presidencial e o aeroporto de Cartum, o maior do Sudão, entre outros objetivos importantes.

O Exército indicou em comunicado que os bombardeamentos destruíram o acampamento de Soba, local onde os ataques começaram hoje manhã.

As RSF acusaram o Exército sudanês de lançar uma ação contra esta base de Soba no que qualificaram de “ataque brutal”, enquanto as Forças Armadas asseguraram que foi realizada em resposta a um ataque que as milícias já haviam realizado anteriormente em Cartum.

Há dois dias, o Exército alertou que o país atravessava uma “situação perigosa” que pode levar a um conflito armado depois de as unidades das RSF, o grupo paramilitar mais poderoso do Sudão, “se mobilizaram” na capital sudanesa e noutras cidades.

“Hemedti” mostrou ontem [sexta-feira] a sua vontade de procurar uma solução para a tensão gerada sem “derramamento de sangue”, segundo responsáveis sudaneses que atuam como mediadores entre os militares.

Até agora, o paradeiro de “Hemedti” e do presidente do Conselho Soberano e líder militar, Abdelfatah al Burhan, é desconhecido.

A mobilização ocorreu durante negociações para se chegar a um acordo político definitivo que pusesse fim ao golpe de 2021 e conduzisse o Sudão para uma transição democrática, pacto cuja assinatura foi adiada duas vezes neste mês justamente por causa das tensões e rivalidades entre os Exército e as RSF.

As RSF surgiram das milícias Yanyawid, acusadas de cometer crimes contra a humanidade durante o conflito de Darfur (2003-2008).