“Assinámos um protocolo negocial para que, no próximo ano, todos os trabalhadores tenham um aumento. Esta é uma matéria que vai servir de base às negociações que vamos fazer até ao final de 2019. Estes valores vão ser atualizados e vão progredir em função do enquadramento e do trabalhador, mas são sempre acima dos 100 euros”, disse o coordenador da Federação dos Sindicatos de Transporte e Comunicações (Fectrans), José Manuel Oliveira, que falava aos jornalistas, em Lisboa.
A Fectrans e a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) estiveram hoje reunidas no Ministério das Infraestruturas num encontro que contou com a mediação do Governo representado pelo advogado Guilherme Dray, que também tem participado nas negociações com os motoristas de matérias perigosas.
“O protocolo que negociámos é para todos os trabalhadores do setor rodoviário e de mercadorias. Partimos da realidade atual, que é um salário mínimo, se o contrato for comprido […] de 1.004 euros e é acima deste valor que agora [vamos trabalhar], utilizando, simultaneamente, um conjunto de matérias salariais que o vão fazer crescer e evoluir significativamente”, indicou.
De acordo com José Manuel Oliveira, o salário base é igual para todos os trabalhadores, mas verifica-se um acréscimo pecuniário para os que transportam matérias perigosas, estando também a ser discutida uma valorização para outro tipo de trabalhadores específicos, através da criação de um novo subsídio para além do de risco que já está contemplado no Contrato Coletivo de Trabalho do setor.
Por sua vez, o presidente da ANTRAM defendeu que a associação tem vindo a desenvolver um trabalho de “valorização do setor e das pessoas”, sublinhando que o acordo alcançado com os sindicatos constitui “uma plataforma de bom-senso”.
Gustavo Paulo Duarte assegurou que o montante “é transversal a todos os trabalhadores do setor”, escusando-se a avançar mais pormenores.
“Hoje o salário [base] em vigor são 630 euros. O salário que vem para acordo será discutido até ao final do ano”, concluiu.
O acordo entre a Fectrans e a ANTRAM surge no mesmo dia em que esta associação e o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) chegaram a um entendimento, que levou à desconvocação da greve que estava agendada para dia 23.
Em causa está um acordo que os patrões e o sindicato fecharam esta madrugada, que prevê uma progressão salarial, com início em janeiro, e que inclui um prémio especial, passando assim de uma base de 630 euros para 1.400 euros fixos, mas distribuídos por várias rúbricas.
Esta tarde, em conferência de imprensa também no Ministério das Infraestruturas, o assessor jurídico e antigo vice-presidente do SNMMP, Pedro Pardal Henriques, falou num “acordo histórico” para o setor, destacando o trabalho que foi desenvolvido pelas duas partes, com a arbitragem do Governo.
O SNMMP foi criado no final de 2018 e tornou-se conhecido com a greve iniciada no dia 15 de abril, que levou o Governo a decretar uma requisição civil e, posteriormente, a convidar as partes a sentarem-se à mesa de negociações.
(Notícia atualizada às 21h15)
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