“Estou chocada com estas declarações da OPEP”, reagiu a ministra da Transição Energética, Agnès Pannier-Runacher, citada pela agência francesa AFP.

Pannier-Runacher referiu que os combustíveis fósseis são responsáveis por mais de 75% das emissões de dióxido de carbono (CO2), defendendo que devem ser abandonados para limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius.

“A posição da OPEP põe em causa os países mais vulneráveis e as populações mais pobres, que são as primeiras vítimas desta situação”, afirmou, a partir do Dubai, onde decorre a COP28, sob presidência dos Emirados Árabes Unidos.

A ministra francesa disse contar com a presidência da COP “para não se deixar impressionar” e apresentar um acordo que “afirme um objetivo claro de abandono dos combustíveis fósseis”.

A 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023, mais conhecida por COP28, está a decorrer desde 30 de novembro no Dubai, e termina na terça-feira, dia 12.

Numa carta datada de quarta-feira, consultada pela AFP, o secretário-geral da OPEP, Haitham al-Ghais, pediu aos membros da organização que rejeitassem “proativamente qualquer posição contra os combustíveis fósseis”.

A carta é dirigida aos 13 membros da OPEP, incluindo o Iraque, o Irão, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita, que tem estado na vanguarda da oposição ao abandono dos combustíveis fósseis.

A carta é igualmente endereçada aos 10 países associados, como o México, o Azerbaijão, a Rússia e a Malásia, que estarão presentes no Dubai.

A ministra da Transição Ecológica de Espanha, país que exerce a presidência rotativa do Conselho da União Europeia, já tinha denunciado hoje a posição da OPEP.

“Penso que é bastante repugnante que os países da OPEP se oponham a colocar a fasquia onde ela deve estar” em matéria de clima, afirmou Teresa Ribera, no Dubai.

Ribera acrescentou que a UE se vai alinhar com outros parceiros para garantir “um resultado significativo e produtivo sobre a saída dos combustíveis fósseis”.