O também fundador do BE subiu hoje ao púlpito da XII Convenção Nacional do BE para avisar que “a esquerda tem que saber o que quer”, defendendo que “em Portugal não há nenhuma ameaça maior do que o poder económico que tudo domina, que cria desigualdade, exploração, racismo, que quer fazer da saúde um negócio e do emprego uma sorte”.

“Quero dizer-vos uma certeza que tenho: quando a Mariana [Mortágua] for ministra das Finanças, o Estado não será um porquinho mealheiro para pagar aventuras como do Novo Banco. Dívidas de 500 milhões de euros não serão tratadas como traquinices garantidas por um palheiro ou uma mota de água”, disse.

Para Francisco Louçã, o Governo deveria “recusar a pirataria financeira, proteger quem paga impostos” e “cuidar do bom uso da coisa pública”.

“Quando o PS no Governo ameaça uma crise política para pagar à Lone Star o que o Tribunal de Contas diz ser um abuso, quando, custe o que custar o dinheiro dos contribuintes é posto ao serviço de negócios que esbanjam milhões, não preciso de vos explicar o que é o parasitismo”, criticou.

Na perspetiva do antigo líder bloquista, é percetível a falta que faz a Portugal “um Ministério das Finanças que defenda o povo”.

O fundador do BE aproveitou para recordar que desde há seis anos, com Catarina Martins, “o Bloco tornou-se o terceiro maior partido português” uma vez que “cumpriu dois objetivos” que foram desmantelar “o bipartidismo das maiorias absolutas” e afastar “a direita do poder”.

“O que é que então faz do Bloco a maior força política da esquerda, a maior força da esquerda que não fugiu para o centro? Na vida, o que conta é coerência, clareza e força”, defendeu.

Para Louçã, “quando o PS matou a geringonça em 2019, depois de não ter conseguido o poder absoluto”, a clareza do BE foi “nunca recuar nas prioridades” como o SNS, salários e direitos de quem trabalha.

“Dizem-nos que agora acabou a crise, que o tempo já voltou para trás, que é o velho normal. O que é isso do velho normal?”, questionou.

O antigo líder do BE apontou um conjunto de acontecimentos que não considera serem normais.

“É normal bombardear a Palestina, deixar morrer as populações porque as vacinas têm que dar lucro, os imigrantes serem explorados nas estufas ou um imigrante ser assassinado num aeroporto, as máfias do trabalho temporário a pagarem à jorna, apontar-se a a cor da pele para insultar ou um juiz desculpar a agressão a uma mulher com a religião? Não é”, criticou.

Para Louçã, “normal é o respeito, a liberdade e a igualdade”.

Antes, usou da palavra o também fundador do BE Luís Fazenda, que disse que o que o partido quer, para já, é afastar a `troika´ das leis de trabalho, dar passos para um Estado estratega na economia e no cuidado social e renegociar a dívida para recuperar a “mola da produtividade”.

“Não alimentamos novelas de casamentos e divórcios para usar o léxico metafórico do primeiro-ministro porque respeitamos demasiado a ansiedade daqueles que ficaram para trás nesta crise”, afirmou.

Na opinião do bloquista, o aumento das desigualdades não pode ser justificado com Bruxelas, nem com “a política que se alia aos liberais na Europa e quer um carimbo de esquerda em Portugal”.

Para Luís Fazenda, a política de esquerda em Portugal tem de ter outra atitude de esquerda na Europa e no Conselho Europeu.

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