Em causa está o prolongamento da Linha Vermelha do Metropolitano de Lisboa entre São Sebastião e Alcântara, com um investimento de 304 milhões de euros no Plano de Recuperação e Resiliência 2021-2026, para a construção de quatro novas estações, nomeadamente Amoreiras, Campo de Ourique, Infante Santo e Alcântara, em que “da avenida Infante Santo a Alcântara será construído um viaduto de 380 metros que atravessará o Vale de Alcântara entre o Baluarte do Livramento e a futura estação de Alcântara”.

Numa sessão de esclarecimento na freguesia de Alcântara, cerca de 60 pessoas assistiram à apresentação do plano de expansão da Linha Vermelha, conduzida pelo Metropolitano de Lisboa, e mais de uma dúzia questionaram o impacto do projeto, apesar de ser consensual a importância do mesmo para esta zona ocidental da cidade.

O período de consulta pública do projeto de prolongamento da Linha Vermelha entre São Sebastião e Alcântara terminou em 02 de junho, mas o Metropolitano de Lisboa assegura que as preocupações da população “não caem em saco roto”, afirmou o engenheiro da empresa de transporte público Jaime Alves.

O representante do Metropolitano de Lisboa perspetivou que o projeto deve obter em julho a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), com recomendações, o que permite relançar um processo com as propostas dos cidadãos, porque “as obras só podem começar quando o relatório estiver aprovado pela APA”.

“Estamos aqui para criar serviço público, não estamos a criar um Metro que seja contra as pessoas”, reforçou Jaime Alves, lembrando que a expansão até Alcântara é “uma ambição de dezenas de anos”, mas que acarreta dificuldades, desde logo os terrenos “muito lodosos”, o que afasta a possibilidade de atravessamento no Vale de Alcântara por escavação mineira, porque implicaria passar a uma profundidade muito grande, significando elevados riscos na construção.

Para chegar ao projeto apresentado, o Metropolitano considerou 18 hipóteses de traçado para a expansão até Alcântara, disse o engenheiro, defendendo que a opção escolhida é a que gera menor impacto para a cidade e para os territórios que atravessa durante a construção e “é a que melhor serve o sistema de transporte”.

A projeto da estação de Alcântara “não é uma simples estação de Metropolitano, é uma estação de interface”, nomeadamente com a futura ligação de Metro de superfície prevista até ao concelho de Oeiras (Linha Intermodal Ocidental Sustentável – LIOS) e com a possibilidade de melhorar as ligações com as estações ferroviárias de Alcântara-Terra, Alcântara-Mar e Alvito.

Relativamente ao impacto visual da futura estação de Alcântara, Jaime Alves indicou que não ultrapassa as alturas das edificações dominantes e será de “construção muito ligeira, não é uma peça de betão forte e feio, é uma estrutura esbelta”.

“Pode parecer, assim de repente, um elefante dentro da sala, mas está relativamente bem enquadrada, portanto não vai ser assim tão notada”, apontou o responsável do Metropolitano, acrescentando que o viaduto à superfície terá “uma linguagem muito próxima daquilo que é a Ponte 25 de Abril, terá uma estrutura predominantemente metálica e transparente”, acautelando o ruído com soluções como mantas acústicas antivibráticas.

Apesar dessa descrição, houve quem questionasse a possibilidade de enquadrar o viaduto com espaços verdes para “parecer menos drástico visualmente e torná-lo mais ‘friendly’ [amigável] em vez de ter tanto cinzento e tanto ferro” e quem aceitasse que “não é bonito, mas se esse é o preço a pagar para ter o Metro em Alcântara, que seja”, enquanto outros perguntaram sobre as diferentes soluções: “Não há alternativa? É evidente que há!”

“Todos querem o Metro em Alcântara, não é isso que está em causa”, reforçou um dos participantes na sessão de esclarecimento, posição reforçada por outros que consideraram que a virtude do projeto de expansão “é inquestionável” e que lembraram que “há muito tempo que a população espera”.

O presidente da Junta de Freguesia de Alcântara, Davide Amado (PS), manifestou-se também preocupado com a volumetria da futura estação e com a necessidade das obras da Linha Vermelha serem realizadas em simultâneo com a implementação da LIOS até Oeiras, realçando que o projeto do Metropolitano “é uma oportunidade” para derrubar uma barreira que foi erguida no território há 60 anos com a construção da Ponte 25 de Abril, com a possibilidade da construção de um novo acesso à ponte.

O vereador da Mobilidade na Câmara de Lisboa, Ângelo Pereira (PSD), frisou que a expansão da Linha Vermelha do Metropolitano “é fundamental e estruturante para o futuro da mobilidade na cidade”, indicando que o executivo camarário tem trabalhado com a empresa de transporte público “para reduzir os impactos desta grande obra”, que se encontra numa fase em que “não são possíveis grandes alterações, mas são possíveis ajustes que melhorem o projeto e que vão de encontro às expectativas da população”.