“O atual Governo nega-se a reconhecer os direitos constitucionais dos povos indígenas e as suas terras estão a ser, cada vez mais, ocupadas, devastadas, por grileiros [pessoas que ocupam terras privadas ou públicas forjando documentos], madeireiros, mineradores e os grandes projetos do próprio Governo”, disse à agência Lusa o arcebispo Roque Paloschi.

O prelado encontra-se no Vaticano para participar no Sínodo dos Bispos sobre a Amazónia, que começou no domingo com uma missa presidida pelo Papa Francisco.

Roque Paloschi declarou que na Rondónia, um dos estados brasileiros da Amazónia, estão assinalados 52 povos indígenas já contactados, mas há, “provavelmente, três grupos em isolamento voluntário”.

Questionado sobre o que pode fazer a Igreja Católica pelos povos indígenas, o prelado respondeu: “A expressão do Papa é isso, por mais que a gente fizer, fazemos ainda pouco”.

“Mas, mais do que fazer, a Igreja precisa de ser respeitosa com as culturas, os costumes e as tradições dos povos indígenas”, declarou o arcebispo de Porto Velho.

Para Roque Paloschi, a Igreja deve, também, “cooperar para, verdadeiramente, ajudar que eles sejam os protagonistas da sua própria história”, além de apresentar o Evangelho e que, “no encontro da vida deles” com este, consigam “caminhos de paz, de esperança e, sobretudo, de dignidade”.

O Sínodo, que tem como tema “Amazónia: Novos caminhos para a Igreja e por uma ecologia integral”, termina no dia 27.

Além de abordar os problemas ambientais da Amazónia, nomeadamente as consequências da exploração da floresta e dos recursos hídricos, outros temas, como a ordenação de homens casados para as áreas mais remotas ou o reforço do papel dos leigos, especialmente das mulheres.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.

Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), entidade coordenadora e principal executora da política para os indígenas do Governo do Brasil, a população indígena do país é de 817.963 pessoas, das quais 502.783 vivem em zonas rurais e 315.180 habitam as zonas urbanas.

“Este Censo [de 2010] revelou que em todos os Estados da federação, inclusive do Distrito Federal, há populações indígenas. A Funai também regista 69 referências de índios ainda não contactados”, refere o ‘site’ da Funai, adiantando que “cerca de 17,5% da população indígena não fala a língua portuguesa”.

O Brasil tem cerca de 191 milhões de habitantes.

(Por: Sílvia Reis da agência Lusa)

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