Numa conferência de imprensa em Caracas, o enviado do Vaticano explicou que os “mediadores” do diálogo tiveram reuniões, em separado, “com delegações” do Governo e da Mesa de Unidade Democrática (MUD), que junta a oposição.

Segundo Cláudio Maria Cello, “apesar de existirem evidentes resultados positivos [do diálogo] ainda há temas na agenda que estão pendentes, por resolver, tal como expressaram os representantes das partes”.

“Daí que consideremos que se deve iniciar uma etapa que nos leve à reafirmação, consolidação e sustentabilidade do diálogo nacional, para o qual apresentámos às partes uma proposta de trabalho” acrescentou.

Por outro lado, explicou que durante as reuniões, as duas partes “expressaram de maneira franca as suas preocupações para concretizar de maneira mais eficiente os acordos emanados do diálogo”, tendo indicado “a necessidade de estabelecer um mecanismo de verificação” do cumprimento dos compromissos.

“Solicitamos aos poderes públicos que não aprovem ou se abstenham de ditar decisões que dificultem a relação entre eles ou o processo de diálogo até ao 13 de janeiro de 2017″, disse.

Segundo o representante do Vaticano, estão ativas quatro mesas de diálogo: paz, respeito pelo estado de direito e soberania nacional; verdade, justiça, Direitos Humanos, reparação das vítimas e reconciliação; situação socioeconómica; calendário eleitoral.

A 30 de outubro, o Governo e a oposição iniciaram um diálogo, sob a mediação do Vaticano e da Unasul (União das Nações da América do Sul), que levou à criação destas quatro mesas de negociação.

A 1 de novembro, o parlamento, onde a oposição tem maioria, adiou “por alguns dias”, a pedido do Vaticano, um debate para determinar a “responsabilidade política” do Presidente Nicolas Maduro, acusado da “rutura da ordem constitucional” no país.

A 12 de novembro, o Governo e a oposição acordaram trabalhar conjuntamente para a recuperação da economia e o combate à insegurança, tendo agendado nova reunião de diálogo para 06 de dezembro.

As duas partes decidiram ainda “baixar o tom” dos discursos e promover a paz com base no reconhecimento e respeito mútuo. Foram ainda definidos objetivos para normalizar o respeito entre os diferentes poderes e para normalizar o abastecimento de alimentos e medicamentos à população.

Na terça-feira, a MUD anunciou que não iria à reunião de diálogo devido à falta de cumprimento dos acordos por parte do Governo de Nicolás Maduro.