“Esta greve surpreendeu-nos pela positiva, pois nós representamos cerca de 50% dos trabalhadores das bilheteiras, mas além dos nossos associados muitos outros paralisaram, o que levou ao encerramento de 80% das bilheteiras do país”, disse Luís Bravo, do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI).
Para o sindicalista, a elevada adesão à greve mostrou bem "o grande descontentamento dos trabalhadores relativamente aos baixos salários e péssimas condições de trabalho que têm".
Segundo Luís Bravo, na linha de Sintra só abriu uma bilheteira, que só funcionou um turno, tal como aconteceu na linha de Cascais, e na zona de Coimbra fecharam todas.
Fonte oficial da CP confirmou à agência Lusa que "estiveram muito poucas bilheteiras abertas ao longo do dia", mas não houve registo de problemas.
Esta greve tem como objetivo a defesa de aumentos salariais que reponham o poder de compra e melhores condições de trabalho, porque "estes trabalhadores ganham dos salários mais baixos da empresa", que variam entre os 726 euros e os 946 euros, "mas para chegar ao topo da carreira são precisos 30 anos", segundo o sindicato.
A paralisação envolve só os trabalhadores operacionais das bilheteiras e respetivas chefias, que são cerca de 500 em todo o país, mas para os dias 12 e 23 de junho estão marcadas outras greves com todos os trabalhadores.
Os associados do SFRCI participaram com outros sindicatos numa greve de 24 horas no dia 16 maio e os revisores, por si representados, fizeram greves parciais nos dias 23 e 27 de maio.
Segundo o sindicato, "a administração da CP e as tutelas continuam indiferentes ao brutal aumento do custo de vida, com uma taxa de inflação de 7,2%", o que "significa que num salário de 1.000 euros os trabalhadores perdem 72 euros/mês".
Perante a atual conjuntura, os trabalhadores do comercial e transportes "entendem que valores entre 6,50 euros e 12,39 euros acrescidos de 0,14 euros no subsídio de refeição propostos pela CP são insuficientes".
Os trabalhadores das bilheteiras queixam-se igualmente de "condições de trabalho deploráveis", em várias estações sem climatização e em instalações com mobiliário desadequado e velho.
As greves marcadas para os dias 12 e 23 de junho são ambas de 24 horas, mas a primeira realiza-se a sul de Pombal e a segunda a norte de Pombal.
A CP – Comboios de Portugal anunciou, no dia 16 de maio, que chegou a um acordo com 12 sindicatos, para revisão do Acordo de Empresa, ficando de fora as três estruturas que convocaram a greve que decorreu nessa data.
Do acordo alcançado resultou o aumento salarial de 0,9%, com efeitos retroativos a 01 de janeiro de 2022, a uniformização do subsídio de refeição para 7,74 euros e a integração dos trabalhadores da ex-EMEF na tabela salarial da CP, com efeitos retroativos a 01 de janeiro.
O entendimento prevê ainda a aplicação aos trabalhadores da ex-EMEF das regras consagradas no Acordo de Empresa da CP relativamente à organização do trabalho, abonos e variáveis retributivas.
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