As vendas de bacalhau salgado seco na grande distribuição tiveram uma quebra de 20% em 2023, mas este peixe vai continuar a ser opção para os portugueses na ceia de Natal, mesmo que em menor quantidade, perspetivam os industriais.
“As quebras, durante o ano, rondaram no bacalhau salgado seco, na grande distribuição, os 20%. Esperamos, contudo, que no final do ano, esta quebra se atenue. No entanto, acreditamos em quebras de vendas anuais em Portugal, em quantidade, acima dos 10%”, antecipou Associação dos Industriais do bacalhau (AIB), em resposta à Lusa.
As vendas na época do Natal não vão fugir a esta tendência, esperando-se assim que sejam inferiores às verificadas no ano anterior, face ao aumento do preço e à diminuição do poder de compra.
Contudo, os portugueses não vão abdicar do “fiel amigo” à mesa da ceia do Natal, “mesmo que em menor quantidade”.
Segundo os dados da AIB, das cerca de 55.000 toneladas de bacalhau consumidas em Portugal durante o ano, metade concentra-se nos últimos quatro meses.
Em 2024, o preço do bacalhau não deverá baixar devido à menor quantidade disponível e aos custos de produção, provavelmente superiores aos verificados em 2023.
O preço do bacalhau não deverá baixar no próximo ano, no qual haverá uma menor quantidade deste peixe, com preços de produção que vão ser, provavelmente, superiores aos de 2023, indicou à Lusa a Associação dos Industriais do Bacalhau.
“Em outubro deste ano, a comissão mista de pesca Norueguesa-Russa concordou que as quotas de bacalhau para 2024 nos mares de Barents e da Noruega totalizassem 453.427 toneladas. Representa uma queda de 20% em relação às quantidades deste ano, que novamente caíram 20% em relação às capturas acordadas para 2022”, apontou, em resposta à Lusa, a Associação dos Industriais do Bacalhau (AIB).
Com menos quantidade disponível, “muito provavelmente”, o custo da matéria-prima vai disparar e será igualmente pressionado pelo agravamento dos custos dos restantes fatores de produção.
Perante este cenário, "não se esperam alterações em baixa do custo da matéria-prima, pelo que o bacalhau não deverá ficar mais barato para o consumidor final em 2024”, sublinhou.
Segundo a associação, este ano, verificou-se uma menor disponibilidade dos calibres grandes de bacalhau, em particular, com mais de três e cinco quilogramas (kg), o que se refletiu no aumento dos preços.
Apesar de o abastecimento dos mercados não estar em risco, as campanhas científicas, que avaliam os ‘stocks’ do bacalhau, perspetivam que estes tamanhos devem continuar a ser pouco frequentes.
“Assim, os tamanhos menores, como correntes e crescido, poderão constituir boas oportunidades de compra, quer para os consumidores, quer para o canal Horeca [Hotéis, Restaurantes e Cafés]”, defendeu a AIB, explicando que a qualidade do bacalhau não depende do seu calibre.
Para os industriais, em causa pode estar um “regresso às origens”, quando o consumo de bacalhau estava concentrado nos tamanhos mais pequenos deste peixe.
“O bacalhau tem a grande vantagem de poder ser utilizado em muitos pratos, sendo mesmo ‘desperdício’ utilizar os mais caros para pratos em que os tamanhos médios são suficientes”, concluiu a AIB.
Constituída em 1993, a AIB é hoje uma associação empresarial e patronal, que promove e desenvolve a atividade industrial de bacalhau e defende os interesses empresariais do setor.
Os seus associados representam mais de 80% da produção industrial de bacalhau em Portugal, o que corresponde a um volume de negócios anual de, aproximadamente, 400 milhões de euros.
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