"John W. Hinckley Jr. está autorizado a residir a tempo completo em Williamsburg, Virgínia, como parte de uma libertação em convalescença", ditou o juiz Paul Friedman, permitindo ao homem que tentou assassinar o presidente norte-americano Ronald Reagan, em 1981, sair em liberdade depois de 35 anos internado no hospital psiquiátrico St. Elizabeth's.
O juiz considerou que Hinckley Jr. já não representa uma ameaça para si próprio e para os outros, ficando assim autorizado a viver com sua mãe de 90 anos numa "comunidade fechada", num bairro residencial de acesso restrito ao público, na Virgínia, conta a AFP, acrescentando que o autor da tentativa de assassinato foi solto no último sábado, 10 de setembro.
John Hincley Jr. tentou assassinar Reagan à saída do hotel Hilton, em Washington, no dia 30 de março de 1981. Ronald Reagan não foi atingido pelos disparos diretamente, mas uma bala perdida ricocheteou na limusine presidencial, blindada, e acertou de raspão no seu peito, muito perto do coração. Três pessoas ficaram feridas neste ataque, entre elas James Brady, porta-voz da Casa Branca na altura.
O objetivo? Impressionar a atriz Jodie Foster, que o agressor tinha visto no filme “Táxi Driver”.
Em abril de 2015, a psiquiatra de John Hincley Jr. garantiu, em audiência judicial, que o seu paciente estava em condições de sair. Segundo Deborah Giorgi-Guarnieri, este não "representa um perigo para a sociedade".
Durante o julgamento, em 1982, John W. Hinckley Jr. não foi declarado culpado, por ser inimputável, e foi internado no hospital St. Elizabeth. No ano passado obteve, ainda que de forma condicionada, o direito a sair 17 dias por mês para visitar sua mãe em Williamsburg.
Uma libertação com 34 “ses”
Na decisão de libertação, ao longo de catorze páginas, o juiz Friedman estabelece uma longa lista de 34 condições, extremamente detalhadas.
Hinckley terá que viver na casa da sua mãe no primeiro ano, depois do qual poderá - com prévia autorização da sua equipa médica - mudar-se para uma casa diferente. Também deverá comunicar qualquer deslocamento (tal como itinerários, horários e eventuais contratempos), submeter-se a controlos médicos regulares na clínica ou por telefone, além de manter um diário das suas atividades quotidianas. Terá também a possibilidade de trabalhar, pelo menos três dias na semana, voluntariamente ou recebendo um salário.
O sexagenário não terá, no entanto, direito a falar com a imprensa nem de se apresentar em público ou na internet, salvo com autorização da sua equipa médica. Não poderá, também, consumir álcool, drogas ou possuir armas.
Está, também, expressamente proibido de entrar em contacto direto ou indireto com a atriz Jodie Foster ou pessoas que lhe sejam próximas, assim como descendentes da família de Ronald Reagan, ou ainda com pessoas afetadas pelo episódio e explicitamente citadas pelo juiz Hinckley. Está também impedido de se aproximar do atual presidente nem de ex-presidentes ou membros do Congresso, entre outros.
No entanto, Friedman frisou que estas condições podem ser flexibilizadas nos 12 a 18 meses seguintes à sua saída, de acordo com o seu comportamento.
A família de Reagan sempre se opôs à sua liberação. Em 2015 a filha do antigo presidente norte-americano, Patti Reagan Davis, escreveu no seu site: "Espero que os médicos tenham razão quando dizem que John Hinckley não é um perigo para terceiros, mas algo me diz que estão equivocados". Para Patti Reagan isso pareceu particularmente preocupante porque, enquanto esteve internado, Hinckley enviou cartas aos assassinos Ted Bundy e Charles Manson.
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