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Vinda da Alemanha e originalmente da Rússia, esta investigadora, Maria, está em Portugal desde 2021 e foi à AIMA tentar renovar o título de residência, que acabou em janeiro — intenção motivada também pelo desejo de visitar o seu avô.

A investigadora trabalha na Fundação Champalimaud, em Lisboa e é formada em imunologia pela Universidade Estadual de Moscovo, com doutoramento em imunologia e genética pela Massachussetts Medical School e pela Universidade Estadual de Moscovo.

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Há pouco mais de uma semana, conta ao Público, foi tentar resolver a situação da residência junto na AIMA em Cascais. “Lá disseram que não tinham acesso ao sistema e que não me poderiam ajudar. Indicaram que deveria ir à Loja da AIMA dos Anjos”, lembra.

“Estive na Loja dos Anjos na quinta-feira, 21 de agosto — dia em que entrou em ação a polícia para imigrantes, a Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras (UNEF). Para conseguir um lugar na fila é preciso ir no dia anterior. Às 8 da noite, pus o nome na lista para ser atendida na AIMA”, afirma, referindo-se à forma criada pelos próprios imigrantes para manter a ordem da fila.

Mesmo assim, quem quiser um lugar, tem que pernoitar no local. “Existiam pessoas a dormir no chão em cima de cartão, para não perder o lugar”, conta.

Por volta das 6h00 da manhã, a polícia chegou. “Colocaram grades para não parecer que éramos sem abrigo. Havia pessoas que estavam lá havia 12h00, sem água, sem ir à casa de banho, sem lugar para sentar. Havia idosos e mulheres que estavam a amamentar crianças. Tínhamos que ficar de pé”, revela. Segundo a investigadora deveriam ser cerca de 100 pessoas à espera da AIMA.

Maria acabou por ser atendida 14 horas depois de chegar na fila. Mais tarde informou que pretendia falar com alguém da área da informática, para ver se seria possível resolver a situação. A funcionária mandou que saísse do posto ou chamaria a segurança. “Eu estava a chorar. Não podia sair dali sem nenhuma informação”, diz.

Acabou então arrastada para fora da AIMA, onde ficou por pouco tempo, sendo depois levada para a esquadra.“Fiquei com marcas vermelhas nos braços e com arranhões devido às algemas. Eu não tinha feito nada de errado, não tinha quebrado nenhuma lei. Achava que, na Rússia, isto poderia acontecer, mas não em Portugal”, recorda.

Neste momento, Maria precisa do visto para se encontrar com o avô, que está com cancro, e vive na Crimeia, um território ucraniano anexado pela Rússia. Como a Crimeia está desde 2014 sob sanções, por causa da invasão russa, os avós não podem viajar para os países da União Europeia. Por seu lado, Maria está impedida de sair do país, porque não consegue renovar o seu título de residência, que venceu em 17 de janeiro deste ano.