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Segundo a CNN Portugal, a denúncia sobre esta alegada má gestão no departamento de Dermatologia do Hospital Santa Maria chegou ao Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) em 2024, "depois de todas as restantes entidades do Estado já tinham sido alertadas, mas sem qualquer consequência", confirmaram os denunciantes ao canal de televisão.

“Esta denúncia não tem enquadramento no âmbito da legislação do canal de denúncias, tratando-se antes de alegada má gestão no serviço de Dermatologia do Santa Maria”, concluiu a IGAS, que propôs então a “abertura de um processo autónomo para averiguar a factualidade da matéria denunciada”. O processo foi formalmente aberto a 26 de junho de 2024.

Depois de mais nada ter sido feito em 2024, e de, claro, faturação adicional, é que o processo voltou a ser integrado na auditoria mais vasta às cirurgias adicionais no hospital. Para além dos médicos, também as equipas de enfermagem e auxiliares recebiam percentagens do valor cobrado: 64% para o cirurgião; 15,5% para cada uma das enfermeiras (circulante e instrumentista); 5% para as auxiliares, revela a CNN Portugal.

Segundo o canal de televisão entre janeiro e outubro de 2024, seis enfermeiras realizaram cirurgias adicionais. Uma das enfermeiras, por 17 dias de trabalho, recebeu 112 mil euros. Só a 10 de fevereiro faturou mais de 11 mil euros e em dois dias de junho ultrapassou os 20 mil euros. Outra enfermeira auferiu 104 mil euros por 16 dias de trabalho. Também em junho teve dois dias que renderam mais de 20 mil euros. Uma terceira enfermeira faturou 94 mil euros em 16 dias. O pico foi em fevereiro, com quase 11.500 euros num só pagamento. Tudo isto em cirurgias dermatológicas que, em média, duravam cinco minutos.

Para o inspetor-geral da IGAS, Carlos Carapeto, a demora deve-se à falta de recursos, admitindo que “é verdade, passou muito tempo. Provavelmente para outros processos também. Nós temos uma demora. Nunca teremos os recursos todos para que todos os processos comecem no dia seguinte e terminem no final da semana.”

O Presidente do Conselho de Administração do Santa Maria, Carlos Martins, garante que nunca recebeu qualquer alerta da IGAS: “não, de todo. É uma informação relevante, até porque esse teria sido um alerta importante. Se calhar um ano antes poderíamos ter atuado como atuámos em maio deste ano: suspender de imediato a produção adicional e abrir processos de auditoria.” O Hospital de Santa Maria está agora a investigar também a atuação destas profissionais no âmbito da auditoria interna.

Questionado sobre a ausência de um simples telefonema, o responsável pela IGAS explicou que há “outro mecanismo", "fazemos um encaminhamento formal para as entidades, que têm dez dias para analisar e responder. Neste caso, entendemos que devíamos ser nós a tratar do assunto”, explicou.

A administração do Santa Maria garante que está a atuar e que “há processos de inquérito e disciplinares em curso”.

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