O fim da recomendação de não consumo de broa de milho nas regiões de Aveiro, Coimbra, Leiria e Santarém, deveu-se à “inexistência de novos casos suspeitos associados à suspeita de toxinfeção”, escreve a DGS, em resultado da intervenção das autoridades competentes, e da ausência de circulação de produtos potencialmente contaminados no mercado.

De acordo com a nota enviada às redações, foram registados no total “209 casos de toxinfeção alimentar” associados ao consumo de broa de milho.

Perante a possibilidade de se tratar de um surto de toxinfeção alimentar, as autoridades recomendaram, no início de agosto, o não consumo de broa de milho na região centro do país.

Na altura, foram implementadas medidas no sentido da restrição das matérias-primas utilizadas no fabrico da broa de milho que se suspeitava estar envolvida, mantendo-se a monitorização desta ocorrência em permanência.

Assim que surgiu a notícia, a 10 de agosto, as padarias de Coimbra começaram a receber telefonemas de clientes que tinham dúvidas sobre o que se estava a passar com a broa de milho. Quase um mês depois do alerta dado pelas autoridades, os comerciantes tiveram que se adaptar à situação. Uma conhecida padaria de Coimbra passou a vender broa com "milho de Itália", informava o cartaz colocado debaixo do tabuleiro.

Desde o anúncio da restrição ao consumo de broa de milho foram “registados apenas dois casos”, informa a DGS. “A evolução positiva deveu-se à estratégia adotada pelas autoridades competentes e à adesão às medidas estabelecidas pelos operadores económicos e pelos consumidores”, escreve.

Nos casos identificados, entre 21 de julho e 9 de agosto, várias pessoas apresentaram sintomas semelhantes, principalmente secura da boca, alterações visuais, tonturas, confusão mental e diminuição da força muscular, tendo sido estes sintomas observados entre 30 minutos a duas horas após a ingestão de alimentos.

O surto de toxinfeção alimentar é uma doença infeciosa ou tóxica que afeta dois ou mais indivíduos, causada, ou que se suspeita ter sido causada, pelo consumo de alimentos ou água contaminados por microrganismos, suas toxinas ou metabólitos, explica a nota conjunta enviada hoje.

“A investigação laboratorial foi direcionada tendo em conta a sintomatologia clínica apresentada pelos casos de toxinfeção alimentar (sobretudo do foro neurológico), o curto período de incubação, a duração dos sintomas, a bibliografia consultada e o contributo de peritos, tanto nas amostras de farinhas como na broa e nos produtos biológicos (sangue e outros fluidos orgânicos das pessoas com sintomas) verificou-se a presença de atropina e escopolamina em níveis muito elevados, resultado compatível com o quadro clínico apresentado pelos casos”, pode ler-se na nota de imprensa.

Segundo as autoridades, a informação recolhida demonstra haver “fortes indícios de contaminação das farinhas com sementes de plantas do género Datura”, infestante que pode estar presente nos campos de milho. A contaminação por sementes desta infestante pode ocorrer durante a colheita do milho, informa a autoridade de saúde.

“Na sequência desta evidência, a DGAV vai elaborar uma recomendação técnica, a difundir pelos produtores de milho, para um melhor controlo desta infestante nos campos e após colheita”.

A investigação epidemiológica foi conduzida pelos Departamentos de Saúde Pública das Regiões Centro e Lisboa e Vale do Tejo, DGS, ASAE, Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses.

Tendo sido avaliado o risco por estas entidades, concluiu-se que “não justifica a manutenção da recomendação de não consumo de broa” nas regiões acima identificadas. Sendo, portanto, o consumo da broa de milho seguro.

No entanto, a DGS alerta que caso surjam novos casos, será emitida nova informação.