“Hoje falámos dos horários de trabalho, da sua desregulação e das suas consequências na vida de quem trabalha. Não vale a pena perdermos tempo a demonstrar as implicações, as injustiças e os problemas que resultam da brutal e desregulada carga horária de que os trabalhadores são alvo, cada um de vós, cada um dos trabalhadores conhece bem essa dura realidade. Vale a pena continuar a luta pela redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais, sem perda de remuneração. Esta é uma luta que vale a pena e é uma luta possível de levar por diante, tal como aqui ficou demonstrado em setores tão diversos”, declarou Jerónimo de Sousa, numa intervenção que arrancou pelas 15:50, na Junta de Freguesia da Nossa Senhora da Hora, em Matosinhos (Porto).
O secretário-geral do PCP foi recebido esta tarde por dezenas de trabalhadores portugueses, que o aplaudiram à chegada à Junta de Freguesia da Senhora da Hora (Matosinhos), entoando palavras de ordem da CDU.
Jerónimo de Sousa é o segundo secretário-geral do PCP a fazer uma operação cirúrgica, depois de Álvaro Cunhal ter sido operado a um aneurisma, ainda na antiga União Soviética, em 1989.
Em 1989, Álvaro Cunhal foi à União Soviética, então sob a liderança de Mikhail Gorbatchov, para ser operado a um aneurisma da aorta. Dois anos depois, começou a sucessão, com a escolha de Carlos Carvalhas, primeiro como secretário-geral adjunto e depois como líder.
Jerónimo de Sousa também quis falar dos “problemas concretos” dos trabalhadores da Administração Pública em Portugal, e da “não valorização de carreiras”, e dos “anos sucessivos de estagnação salarial e perda de poder de compra”.
“Os trabalhadores não podem ser joguetes nas mãos dos operadores privados, são homens e mulheres que todos os dias transportam à sua responsabilidade milhares de utentes, merecem respeito e é urgente a sua valorização. A todos eles reafirmamos que é fundamental para o país a valorização dos serviços públicos e dessa valorização depende o respeito e o reconhecimento dos seus trabalhadores, das suas carreiras, dos seus salários das suas condições de trabalho. Esta é uma luta que é preciso também continuar e que vale a pena”.
Outra das lutas que Jerónimo de Sousa destacou foi a do setor bancário e da “selva em que está transformado”, onde os “grandes negócios e interesses da banca se fazem à custa dos direitos e dos despedimentos dos trabalhadores do setor".
“Se é verdade que os ataques no setor são muitos, não é menos verdade que há muito não se verificavam lutas com a dimensão que os bancários estão a desenvolver. Mais uma importante luta que é necessário continuar e que vale a pena”, disse.
Jerónimo de Sousa criticou o PS e o PSD pelo que defendem na área laboral e assegurou aos trabalhadores que podem contar sempre com o PCP e a CDU para concretizar “avanços” e “valorizar o trabalho e os trabalhadores”.
“Estamos a poucos dias das eleições legislativas, cada um de vós, cada um dos trabalhadores, sabe com o que pode contar. Sabe que, com o PS, PSD e seus sucedâneos, cada um dos problemas aqui hoje identificados e tratados terão apenas um de dois caminhos: ou manter, ou agravar a inaceitável realidade existente”, argumentou.
Segundo o secretário-geral do PCP, a prática do PS e do PSD é que quando está em causa a valorização do trabalho e dos trabalhadores, esses dois partidos e seus sucedâneos colocam-se de acordo para travar avanços.
“Foi assim nas 35 horas, foi assim nas medidas de combate à precariedade, foi assim na valorização dos salários, foi assim na revogação das normas gravosas da legislação laboral e em particular no fim da caducidade da contratação coletiva, entre tantas e tantas outras matérias”, recordou.
Jerónimo de Sousa falou da antecipação das eleições legislativas, criticando aqueles que pensavam que tal iria impedir a resposta aos problemas dos trabalhadores.
“Pensaram as eleições para não responder à vida dos trabalhadores, dos reformados, dos jovens, mas não tem que ser assim. A luta e o voto na CDU fazem a diferença, contribuem para ultrapassar bloqueios, para colocar ainda mais na ordem do dia a resposta aos problemas dos trabalhadores”.
Jerónimo defendeu que era hora de “trocar-lhes as voltas, com a luta e o voto na CDU para garantir a emergência do aumento geral dos salários para todos os trabalhadores, para combater a precariedade, para acabar com os horários selvagens, para diminuir o horário de trabalho para as 35 horas semanais, para assegurar a prevenção e proteção dos direitos dos trabalhadores por turnos, para garantir melhores condições de trabalho, para combater as desigualdades e injustiças, para revogar as normas gravosas da legislação laboral, para acabar com a caducidade da contratação coletiva, para garantir os direitos de ação sindical nas empresas e locais de trabalho.
Diana Ferreira, deputada da Assembleia da República e primeira candidata da CDU pelo círculo pelo Porto, também interveio na ação de campanha eleitoral e defendeu os direitos e os interesses dos trabalhadores, bem como a melhoria das suas condições de trabalho.
"Há um compromisso que assumimos todos os dias e que afirmamos hoje. Um compromisso que se traduz nas denuncias que fazemos, pois somos a voz dos trabalhadores. Um compromisso nas propostas que apresentamos para acabar com a exploração. Uma ação única no panorama nacional", declarou, recordando que nos últimos anos a CDU não perdeu oportunidades para "recuperar O secretário-geral do PCP encurtou a agenda política da pré-campanha eleitoral de hoje, porque vai ser submetido esta quarta-feira a uma operação de urgência da estenose carotídea (à carótida interna esquerda) que não pode ser adiada para depois das eleições legislativas.
Jerónimo de Sousa vai ser obrigado a falhar os primeiros dias da campanha das eleições legislativas, mas segundo o comunicado divulgado hoje pelo PCP prevê-se que o secretário-geral “retome no final da próxima semana a sua intervenção política, nomeadamente na campanha eleitoral em curso para a Assembleia da República”.
Durante os dias de internamento e recuperação, o PCP acrescenta que vai manter-se a agenda com as ações de campanha programadas para o secretário-geral, nas quais será a partir de quarta-feira, e durante o período de recuperação, substituído por João Ferreira e João Oliveira, membros da Comissão Política e candidatos à Assembleia da República.
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