“Foi para satisfazer a gula do grande capital e calar os avisos e as pressões vindas da União Europeia que o Governo, ontem [sexta-feira] mesmo, fez votar o seu Orçamento do Estado”, afirmou Jerónimo de Sousa, durante a sessão de encerramento da XII Assembleia da Organização Regional de Viseu do PCP.

Por garantir ficou “a resolução dos problemas nacionais”, considerou o dirigente comunista, lamentando que tenha sido rejeitada “a quase totalidade das quase 340 propostas” que o PCP apresentou.

“Propostas que respondiam a muitos dos problemas, mas que o PS não quis agora resolver, como não queria em outubro”, criticou.

No seu entender, “ao adiar a sua resolução, o Governo contribuiu para o agravamento de todos os problemas” e foi por isso que o PCP votou contra o OE2022.

“Votámos pelas opções que ele contém, mas particularmente por aquilo que lá falta. Votámos contra porque é um orçamento que recusa o aumento dos salários, optando pelos lucros dos grupos económicos”, justificou.

Segundo Jerónimo de Sousa, este orçamento também “recusa valorizar as carreiras e os serviços públicos, escolhendo o caminho da sua degradação”, e “recusa aliviar os impostos a quem trabalha, mas escolhe manter as borlas fiscais”.

“Não desistiremos. Olhamos para o país, e designadamente para as regiões do país interior, com a completa noção dos problemas e mesmo dos dramas que muitas destas vidas comportam, mas também com a certeza de que é possível um outro rumo”, frisou.

Na sua opinião, “Portugal não está condenado ao declínio, ao atraso, ao marcar passo face a outros países”, apesar dos “tempos muito exigentes” que se vivem.

O líder comunista realçou que “as consequências da epidemia [de covid-19] na vida dos trabalhadores e das populações são reais” e, a estas, se soma “o aproveitamento que o grande capital dela faz e fez para acentuar a exploração e concentrar, ainda mais, a riqueza”.

Tal “ficou uma vez mais demonstrado pelos estudos que afirmam que, enquanto milhões de seres humanos passaram privações incalculáveis, enquanto os que passam fome aumentam a cada dia que passa, os dez multimilionários mais ricos do mundo duplicaram a sua fortuna”, considerou.

Jerónimo de Sousa aludiu também às “repercussões de uma guerra que nunca deveria ter começado”, que “exige um redobrado empenhamento na luta pelo diálogo, pelo cessar-fogo, por uma solução política para o conflito, pela paz”.

“Por muito que isso incomode os que apostam na destruição e na morte, as repercussões são agravadas pelas sanções e pela especulação a que elas dão cobertura, com grave impacto nas condições de vida dos povos”, afirmou.

A tudo isto, acrescentou, “os poderosos deste mundo juntaram-lhe uma fase mais aguda da ofensiva contra as liberdades e a democracia, de tentativa de imposição do pensamento único e de questionamento e mesmo criminalização de quem pensa diferente, e que tem como alvo preferencial” o PCP.

“Temos um partido, como nesta assembleia se viu, ligado à vida, aos problemas, às realidades locais, aos anseios, aspirações e exigências do nosso povo”, garantiu.

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