“Portugal não está condenado ao atraso. É possível realizar outra política, invertendo o caminho que tem sido seguido”, disse o líder dos comunistas.
Jerónimo de Sousa, que falava hoje na conferencia do Jornal de Notícias sobre o tema ‘Portugal ao espelho: As prioridades e visões dos líderes partidários para o futuro do país’, afirmou, no entanto, que a atual política confirma “a opção de manter o país agarrado a uma trajetória de défice”.
“Manter-se a atual política nos seus traços essenciais e vingarem-se as opções inscritas no programa de estabilidade para 2019-2023 confirma a opção de manter o país agarrado a uma trajetória do défice que impõe níveis inaceitavelmente reduzidos de investimento e financiamento dos serviços públicos”, sustentou.
Na visão do líder dos comunistas, o país "andará mesmo para trás" se não enfrentar o "gravoso sobressalto" da situação financeira mundial como "uma política de afirmação soberana".
"Mesmo tendo a consciência de que a superação dos principais constrangimentos não será realizada num ato único e súbito, antes será o resultado de um processo coerente e articulado de intervenção em relação a dois principais constrangimentos: a dívida e o euro", referiu.
O secretário-geral do PCP disse ainda que, para que o país seja "resgatado" dos "bloqueios" que impedem o seu desenvolvimento, é necessária uma resposta "coerente e articulada" que dê particular atenção à produção nacional e ao emprego com "direitos".
"Temos afirmado que um país que não produz, não tem futuro e esta é uma questão que não pode continuar a ser secundarizada, tem de estar nas prioridades na próxima legislatura se queremos vencer o nosso atraso a par de uma política de valorização do trabalho e dos trabalhadores", apontou.
O líder dos comunistas salientou que nos próximos quatro anos o país precisa de uma política que "aposte" na promoção do investimento produtivo, na participação do estado em setores estratégicos, na agricultura, pesca e numa política fiscal "justa", de modo a ultrapassar, "os graves problemas que enfrenta".
"Portugal iniciaria um processo de recuperação dos crónicos atrasos estruturais e seria possível garantir níveis de vida mais elevados aos portugueses", concluiu.
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