Catarina Martins anunciou hoje em conferência de imprensa que vai deixar a liderança do BE na Convenção Nacional de maio, escusando-se a apontar nomes para a sua sucessão, mas deixado claro que tomou esta decisão tranquila por saber que há pessoas no partido preparadas para o fazer.

“A Catarina chega ao fim de uma década à frente do Bloco mantendo o apoio de um partido unido. Sai porque quer, porque acha que é o melhor para o Bloco. Temos tanto a agradecer-lhe que a única certeza boa é que continuaremos a contar com ela. Obrigada”, disse, numa publicação na rede social Twitter a deputada Joana Mortágua.

Também através do Twitter, a antiga candidata presencial e eurodeputada do BE Marisa Matias aproveitou para agradecer o trabalho da coordenadora bloquista, que considerou ser “uma líder forte, carismática, corajosa e generosa, além de uma querida amiga”.

“Ajudou-nos a fazer caminhos difíceis e a reforçar o partido. Continuaremos a fazer todos os caminhos que houver por fazer com quem vier e se queira juntar. Obrigada, Catarina”, afirmou Marisa Matias.

De Bruxelas vieram também as palavras de José Gusmão, o outro eurodeputado do BE, que afirmou que Catarina Martins “assumiu a liderança do BE num dos momentos mais difíceis”.

“Em 2015 lançou o desafio a Costa que permitiu tirar a direita do poder e recuperar direitos que agora a maioria absoluta destrói. Não há despedidas. Sabemos que a Catarina continua connosco e com as pessoas”, enfatizou.

Na conferência de imprensa desta manhã, Catarina Martins afirmou que a década durante a qual esteve à frente dos destinos do BE foi de "vitórias e derrotas", explicando que "o que mudou agora" foi "a instabilidade da maioria absoluta", afirmando que a crise "multiplicada dentro do Governo e em choque com a luta popular é o sinal do fim de um ciclo político".

"No Bloco não há períodos muito longos de funções como a coordenação. O que me fez decidir neste momento foi pensar que é agora que o Bloco deve começar a preparação da mudança política que já aí está", afirmou.

Catarina Martins está à frente dos destinos do partido desde novembro de 2012, na altura em parceria com João Semedo, quando foram eleitos coordenadores do Bloco de Esquerda, então numa inédita liderança "bicéfala", modelo abandonado dois anos depois, na Convenção Nacional seguinte, em 2014.

Nesse ano, o partido passou a ser dirigido por seis coordenadores: Pedro Soares, Pedro Filipe Soares, Joana Mortágua, Adelino Fortunato, Nuno Moniz e Catarina Martins, que então era porta-voz do BE.

Na reunião magna do partido em 2016 deixou de existir o cargo de porta-voz e retomou-se a figura de coordenador/a nacional, lugar ocupado por Catarina Martins.

Já na XI Convenção Nacional, em novembro de 2018, a lista de continuidade e sem grandes alterações de Catarina Martins, Pedro Filipe Soares e Marisa Matias foi eleita confortavelmente e conseguiu 70 dos 80 lugares na Mesa Nacional.

Na última reunião magna do partido, em maio de 2021, a lista da atual direção conseguiu 54 dos 80 lugares da Mesa Nacional do BE, que ficou mais dividida, uma perda de 16 mandatos em relação a 2018.