“Entendemos que nestas fases as visitas do Presidente da República, do primeiro-ministro, de políticos, são absolutamente corretas. Não está minimamente posto em causa, mas estamos a viver momentos de operacionalidade, não estamos a viver momentos de cerimónias nem de estar a desviar de onde são necessários os operacionais. Perante aquelas formaturas até parece que não são precisos no terreno”, criticou Jaime Marta Soares, presidente da LBP.
Em declarações à Lusa, Marta Soares adiantou que questionou oficialmente o ministro da Administração Interna (MAI), Eduardo Cabrita, sobre as razões pelas quais nas formaturas oficiais os bombeiros, “a força de Proteção Civil maioritária no terreno” no combate aos incêndios, não foram chamados a estar presentes “para receber os cumprimentos e a saudação do senhor Presidente da República".
Insistindo que o momento ainda é “de operacionalidade” no terreno, o que faz com estas cerimónias se tornem “desnecessárias e exageradas”, Marta Soares defendeu que “se alguém entendeu que têm que ser feitas”, então “é inadmissível, é inaceitável que só participem forças que são minoritárias no terreno”
“Trata-se efetivamente de uma manifestação de desrespeito aos bombeiros e por isso não a aceitamos”, afirmou Marta Soares, que disse também que os bombeiros se sentem “revoltados, magoados e ofendidos” com a situação.
O primeiro-ministro, António Costa, na sexta-feira, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deslocaram-se a Monchique, no Algarve, para uma visita aos locais afetados pelo maior incêndio florestal registado este ano.
O incêndio rural, combatido por mais de mil operacionais e considerado dominado na sexta-feira de manhã, deflagrou no dia 03 à tarde, em Monchique, distrito de Faro, e atingiu também o concelho vizinho de Silves, depois de ter afetado, com menor impacto, os municípios de Portimão (no mesmo distrito) e de Odemira (distrito de Beja).
A Proteção Civil atualizou o número de feridos para 41, um dos quais em estado grave (uma idosa que se mantém internada em Lisboa).
De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, as chamas consumiram cerca de 27 mil hectares. Em 2003, um grande incêndio destruiu cerca de 41 mil hectares nos concelhos de Monchique, Portimão, Aljezur e Lagos.
Na terça-feira, ao quinto dia de incêndio, as operações passaram a ter coordenação nacional, na dependência direta do comandante nacional da Proteção Civil, depois de terem estado sob a gestão do comando distrital.
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