“Não haverá nenhum impedimento burocrático para recuperar a grandeza deste estado”, declarou Luiz Inácio Lula da Silva, depois de o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ter-se mostrado preocupado com as restrições financeiras do governo federal que limitam a capacidade de resposta da região.
Lula destacou como prioridades a mobilização dos serviços de saúde pública para “minimizar o sofrimento” da população, a recuperação das estradas bloqueadas e o regresso das crianças à escola.
“Estou a pedir a Deus que a chuva pare”, disse o chefe de Estado, que pediu à ministra do Ambiente, Marina Silva, que apresente um plano de prevenção das catástrofes climáticas.
“É preciso deixar de correr atrás da desgraça” e preparar-se “com antecedência” este tipo de calamidades, afirmou o responsável político, acompanhado pelos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, que se comprometeram a acelerar os projetos de lei enviados pelo governo para fazer face à crise.
Por sua vez, o governador Eduardo Leite salientou que as restrições orçamentais e as regras fiscais “sufocam” a máquina de resposta às cheias e pediu “medidas excecionais”.
Segundo Eduardo Leite, a extensão do território afetado, mais de metade do Estado, conduz a um cenário de “colapso” na cadeia de abastecimento, agravado pela destruição de pontes e pelo encerramento do aeroporto de Porto Alegre, a capital regional.
“É um cenário de guerra e vai ser preciso um cenário de pós-guerra”, disse.
Embora as chuvas tenham diminuído durante o fim de semana, o governador advertiu que o nível das águas dos rios “vai demorar muito tempo a baixar” e que o número de vítimas pode ainda “aumentar muito” devido aos deslizamentos de terras.
De acordo com o último balanço oficial, divulgado ao meio-dia, 103 pessoas estão desaparecidas, além de dezenas de milhares de desalojados, dos quais 88.019 tiveram que deixar suas casas e se mudar para as de familiares e amigos e outros 16.609 encontraram alojamento em abrigos públicos
No Rio Grande do Sul, com uma população de onze milhões de pessoas, cerca de 421.000 casas continuam sem energia elétrica até esta manhã e 115 municípios estavam sem serviços de telefone e Internet.
Em termos de estradas, ainda há 61 rodovias com bloqueios totais e parciais devido à cheia dos rios.
O nível do rio Guaíba, cujas águas inundaram o centro histórico da capital regional de Porto Alegre, uma cidade com 1,3 milhões de habitantes, voltou a subir esta manhã para o valor mais alto da história.
As autoridades do Rio Grande do Sul advertiram que, apesar da redução da precipitação no fim de semana, as inundações deverão continuar durante vários dias.
O sul do Brasil sofreu uma série de eventos climáticos extremos no último ano, associados ao fenómeno El Niño, que provoca um aumento das chuvas nesta região do país.
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