"Somos um suporte indispensável para os órgãos de comunicação social em Portugal e países de língua oficial portuguesa", afirmou Nicolau Santos, que falava na comissão parlamentar de Cultura e Comunicação sobre a situação orçamental da agência de notícias.

No entanto, a atual situação financeira da Lusa poderá levar a uma redução da cobertura noticiosa.

"Estamos a equacionar reduzir a nossa cobertura noticiosa porque precisamos de cortar custos, diminuir os nossos encargos e não se consegue fazer isso" apenas com o corte de investimento, afirmou.

Na sua intervenção, Nicolau Santos recordou que a Lusa procedeu à integração de precários (23), bem como resolveu a questão das não avaliações na agência entre 2011 e 2019, sem que tenha recebido mais dinheiro para isso.

Neste momento, a Lusa "encontra-se numa situação dramática devido aos encargos que nos foram impostos", acrescentou o presidente do Conselho de Administração.

"Temos consciência que a comunicação social em Portugal, mas também nos países de língua oficial portuguesa, estão com enormes dificuldades: todos os dias pedem mais coisas por menos dinheiro e todos os dias temos clientes que protelam os seus pagamentos, apesar das nossas avenças serem bastante baixas", prosseguiu o gestor.

Tudo isto deixa a Lusa numa "situação muito frágil" para o orçamento para o próximo ano.

Acresce que, se houver aumentos salariais na função pública em 2020, a Lusa vai ter de acompanhar esse movimento, o que agravará a situação financeira.

Perante isto, a Lusa admite "reduzir" a sua cobertura noticiosa, nacional e internacional.

Nicolau Santos defendeu, perante os deputados, um contrato com a Lusa a 10 anos, que daria "estabilidade financeira" à agência de notícias, tendo em conta o seu papel na coesão social e no suporte e apoio aos órgãos de comunicação social em Portugal.

Tal incluiria um pacote informativo gratuito e implica um consenso dos partidos com assento parlamentar.

Em 2019, o orçamento da agência Lusa foi de 12,8 milhões de euros, após um corte de cerca de 460 mil euros.

A Lusa é detida em 50,14% pelo Estado, seguindo-se acionistas privados como a Global Media Group (23,36%) ou a Impresa (22,35%), entre outros.