Os tumultos, que estalaram na segunda-feira, alimentados pela agitação social contra medidas de austeridade, têm lugar numa altura em que se aproxima o sétimo aniversário da “Revolução de Jasmim, movimento que derrubou o regime do ditador Zine El Abidine Ben Ali em 14 de janeiro de 2011.

Na quarta-feira, 328 pessoas foram detidas por roubo, pilhagens e fogo posto, bem como por bloqueios de estradas cometidos nos últimos dias, revelou o porta-voz do Ministério do Interior Khalifa Chibani à agência de notícias AFP, dando conta de que a intensidade da violência diminuiu por comparação com os dias anteriores.

Segundo o mesmo responsável, na terça-feira foram detidas 237 pessoas.

Na noite de quarta-feira, novos confrontos estalaram em diversas cidades da Tunísia, incluindo Siliana (noroeste), Kasserine (centro) e Tebourba, a 30 quilómetros a oeste da capital, Tunes.

Jovens atiraram pedras e cocktails Molotov contra as forças de segurança em Siliana e tentaram entrar num tribunal, constatou um correspondente da AFP. A polícia respondeu com o lançamento de granadas de gás lacrimogéneo.

Também foram registados conflitos em alguns bairros da capital.

Em Kasserine, uma região desfavorecida, jovens tentaram bloquear estradas, com barricadas de pneus em chamas e atiraram pedras contra os agentes, segundo um correspondente da agência AFP.

Várias dezenas de manifestantes também saíram à rua em Tebourba, onde foi a sepultar na terça-feira um homem que morreu durante confrontos na noite de segunda-feira, com a polícia a responder também com gás lacrimogéneo, de acordo com um morador.

A principal esquadra de Thala, no norte, foi incendiada, indicou ainda Khalifa Chibani, acrescentando que 21 polícias ficaram feridos em todo o país.

As autoridades tunisinas não facultaram, porém, um balanço de eventuais feridos entre os manifestantes.

Estes confrontos surgem na sequência de protestos pacíficos contra a subida de preços. O descontentamento social persistente face ao marasmo económico e a uma inflação elevada foi exacerbado nomeadamente pelo aumento do IVA e das contribuições sociais, em vigor desde 01 de janeiro, no âmbito de um orçamento de austeridade para 2018.

O mês de janeiro é tradicionalmente assinalado por uma mobilização social na Tunísia desde a “Revolução de Jasmim” e o contexto é particularmente tenso atualmente, com a aproximação das primeiras eleições municipais do pós-revolução, adiadas por diversas vezes e previstas para maio.

A última vaga de contestação social, em janeiro de 2016, na sequência dos protestos desencadeados pela morte de um desempregado que se manifestava em Kasserine, alastrou por todo o país e forçou o Governo a decretar o recolher obrigatório durante vários dias.

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