Aos poucos, as pessoas foram-se juntando nas imediações do quartel para a manifestação que estava marcada para as 15:00 e cujos promotores são desconhecidos, tendo o evento sido divulgado através do grupo “Amigos de Borba” da rede social Facebook.
Já passava das 15:30 quando os participantes se aproximaram do quartel, em cuja escadaria se reuniram elementos da direção da associação humanitária da corporação de Borba e bombeiros de corporações vizinhas, como Vila Viçosa, que agradeceram aos presentes o apoio e solidariedade.
Ivone Figueira, de 66 anos, mãe de um dos bombeiros que ficou ferido na madrugada do sábado passado, aquele que “levou com vidro nas costas”, disse à agência Lusa estar “comovida com tanta gente” que se juntou à iniciativa.
“Nunca pensei encontrar aqui tanta gente”, admitiu, satisfeita pelo apoio à corporação, na qual os seus dois filhos são bombeiros.
Na manifestação de hoje, frisou, “não podia faltar” e “tinha mesmo de estar presente”, até porque ainda tem bem “vivas” as recordações dos acontecimentos de há uma semana.
“Meu Deus, como é que se sente uma mãe quando sabe que o filho é agredido? Foi assim que eu me senti. Fui logo telefonar a ver se ele estava bem e estava”, disse, acrescentando, contudo, que o filho “tremia que nem ‘varas verdes’ e andou um dia inteiro nervosíssimo”.
Ivone Figueira lamentou que os bombeiros deixem “o conforto da casinha” para irem para o quartel “dormir” e “fazer serviços” para depois acontecerem “estas coisas assim”, as quais, “oxalá, nunca mais se repitam”.
Mas, hoje à noite, vai ficar outra vez com o “coração nas mãos”, já que o filho agredido “fica outra vez” de serviço no quartel: “Apesar de ter quase a certeza de que eles não vêm fazer [o mesmo] duas vezes seguidas, mas não sabemos”.
A manifestação, que decorreu calmamente, contou com muitos participantes de Borba, mas também alguns vindos de longe, de Lisboa ou de Portalegre, e vários bombeiros à civil, de corporações vizinhas, constatou a Lusa no local.
Ana Rita Amaral e o marido, com uma “companhia” especial, uma das araras de que são criadores, tal como de papagaios, rumaram de Portalegre e só pararam em Borba, para apoiar os bombeiros e o deputado do partido Chega.
“Viemos dar o nosso apoio aos bombeiros de Borba”, a quem aconteceu “uma coisa horrível”, e a “André Ventura, que tem feito um trabalho excelente”, afirmou Ana Rita Amaral, com a arara “Aurora” no ombro, a qual ainda é nova, mas que, dentro de quatro anos, prometeu, já vai saber “dizer ‘Chega’ na campanha” eleitoral.
O deputado único do Chega, que tinha uma reunião com a direção dos bombeiros de Borba às 14:30, mas que chegou pouco depois das 15:30, já a manifestação tinha começado e à qual se juntou uns minutos, afirmou aos jornalistas ter-se deslocado à cidade para mostrar que está “ao lado” destes operacionais.
“O politicamente correto tem morto este país há muito tempo e hoje é o momento de dizermos” que estas “agressões não se podem voltar a repetir, sejam da comunidade cigana, sejam de qualquer outra”, argumentou.
O parlamentar reiterou que vai propor no parlamento a criação de “um estatuto especial de proteção” para bombeiros e forças da Proteção Civil e para “tornar crime público qualquer tipo de agressão” contra estes, incluindo o agravamento de penas.
André Ventura visitou, depois, as instalações e reuniu-se com a direção dos bombeiros, acabando a manifestação por dispersar, embora diversas pessoas tenham entrado no quartel e esperado que terminasse o encontro.
Já antes, o comandante dos bombeiros, Joaquim Branco, tinha agradecido o apoio aos manifestantes e garantido que a corporação irá continuar “a garantir a segurança de todos os cidadãos”, não só do concelho, como “dos concelhos vizinhos ou do país”.
Na madrugada de sábado, por volta das 00:30, dois bombeiros de Borba sofreram ferimentos ligeiros - um deles por agressão a murro e outro devido a vidros partidos da porta principal - numa ocorrência que envolveu a invasão do quartel por um grupo de cerca de 20 pessoas, tendo, posteriormente, três homens sido identificados pela GNR e o processo seguido para o Ministério Público.
(Artigo atualizado às 17:40)
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