"Ser público em sim mesmo também não garante nada. A CGD não foi mais bem gerida ou deu menos prejuízo que os bancos privados. Não é garantia dos interesses dos contribuintes", afirmou a ex-ministra na Covilhã, durante um seminário sobre a Privatização das Empresas Portuguesas, que decorreu na Faculdade de Ciências Socias e Humanas da Universidade da Beira Interior (UBI).

Maria Luís Albuquerque sublinhou ainda que as privatizações têm sido sempre um tema "polémico" no país e adiantou que as privatizações em Portugal surgem na sequência das nacionalizações que decorreram do 25 de abril.

Realçou que, à data, foi considerado que os setores estratégicos deviam ser de posse pública e, na altura, eram quase todos.

Contudo, explicou que a definição daquilo que são os setores estratégicos depende do posicionamento de cada um nessa análise: "Tudo pode ou não ser definido como tal".

"Temos excelentes casos de gestão pública mas também de gestão privada", frisou.

A antiga ministra disse também que não a incomoda que achem que Portugal é um bom país para investir. Se não existe capital no país, "temos que o procurar onde ele existe", sustentou.

Já quanto aos processos de privatização, disse entender que o fluxo de dinheiro que vem dos investidores deve ser feito com critério e sublinhou que olhar para as origens do investimento com base nos últimos dois ou três anos, é redutor.

A vice-presidente do PSD explicou ainda que a ideia de que os investidores são os "donos disto tudo", sobretudo, oriundos de países como a China, Angola ou França, não é correto e recordou que os "anteriores donos disto tudo faliram".

"Ganhar dinheiro não é um pecado desde que feito dentro da lei. Ter o retorno de um investimento é uma ambição legítima de todo o investidor português ou estrangeiro. Mesmo o investimento público deve ter um retorno positivo", disse.

Maria Luís Albuquerque explicou que Portugal não tem uma cultura suficiente do mérito.

"A tendência tem sido a de tomar medidas niveladas por baixo. Estamos sempre mais preocupados em garantir os direitos de quem produz pouco. Isto implica que aqueles que são melhores são desincentivados", sustentou.

Por último, adiantou que uma sociedade bem organizada premeia os melhores: "Quando se acha que são todos iguais, nivela-se por baixo".