“É muito estranho que se pretenda agora reverter na secretaria a posição clara dos militantes [nas eleições diretas] e dos congressistas. Dá um pouco a ideia, que nos leva para os episódios históricos, de um golpe palaciano”, afirmou à agência Lusa André Coelho Lima, eleito vogal na direção de Rui Rio, no Congresso do PSD que decorreu no fim de semana, em Lisboa.
A título pessoal e não em nome da comissão política de Rui Rio, André Coelho Lima afirmou que o resultado da eleição para a bancada parlamentar, “no fundo, tenta reverter uma posição muito clara da democracia” interna e é “um desrespeito por aquilo que foi a pronunciamento dos militantes do PSD”, nas diretas e no congresso.
Logo na quinta-feira, Fernando Negrão disse ter o apoio de Rui Rio e considerou ter condições para assumir o cargo de líder parlamentar, “com sentido de responsabilidade”.
O dirigente nacional do PSD relativizou os efeitos deste episódio, quer no grupo parlamentar, quer para Rui Rio, eleito nas diretas de 13 de janeiro, invocando o exemplo de Francisco Sá Carneiro, “aclamado como líder de todos os sociais-democratas”.
“Teve mais de metade do grupo parlamentar contra si. E isso não foi impedimento para afirmar-se como líder forte, determinado e que sabia aquilo que queria”, afirmou à agência Lusa, dizendo que Rui Rio “sabe o que quer para o país”.
André Coelho Lima fez ainda a defesa do sentido de Estado e de responsabilidade dos deputados que, sublinhou, “deviam imperar sobre os estados de alma, por muitos respeitáveis que sejam”.
Pois, acrescentou, “os portugueses”, que querem que os seus “programas sejam resolvidos”, estão a “olhar com estranheza” este tipo de ‘fait divers’” protagonizado pelos deputados.
André Coelho Lima tentou também desdramatizar os efeitos de fragilização da votação de quinta-feira, considerando que “não há fragilidade, embora exista uma questão incomum”.
Esta é, segundo descreveu, uma “oportunidade para o doutor Rui Rio demonstrar a sua determinação de fazer aquilo que é preciso para o país”.
Fernando Negrão foi o único candidato à sucessão de Hugo Soares, que convocou eleições antecipadas para a liderança parlamentar depois de o novo presidente do PSD, Rui Rio, lhe ter transmitido a vontade de trabalhar com outra direção de bancada.
Na votação, conseguiu 35 votos favoráveis, 32 brancos e 21 nulos, tendo votado 88 dos 89 deputados.
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