O presidente do PSD exigiu hoje ao primeiro-ministro que preste esclarecimentos urgentes sobre os desenvolvimentos na comissão de inquérito à TAP, e considerou que os ministros das Finanças, Infraestruturas e Assuntos Parlamentares estão "moribundos e diminuídos politicamente".
Luís Montenegro não pediu demissões dos ministros, mas sublinhou se fosse com ele, "não passariam incólumes".
“Este governo não sabe separar as fronteiras institucionais. É um conjunto de indignação, confusão entre Estado e Partido Socialista, a destruição da confiança entre eleitores e governo, uma verdadeira divisão instrumental”, declarou o líder da oposição.
Montenegro refere que Costa tem a obrigação de dar explicações ao país, por aquilo que considera tratar-se da “violação da moral e da ética republicana e embustes teatrais a enganar os portugueses” que “não pode passar clara, tanto do ponto de vista político, como ético”.
Para o Social Democrata, “o governo mente”, referindo-se às declarações tornadas ontem públicas pela ainda CEO da TAP.
“Ontem mais mentiras foram expostas ao país. Pedro Nuno Santos, não só mentiu como também foi figura fulcral em todo o processo de rescisão de Alexandra Reis”, sublinhou.
“O CFO da TAP , tinha e tem contacto permanente com os ministérios das Finanças e das Infraestruturas, o que deixa menos crível, que o ministério não tenha sido informado”, desconfia o líder do PSD.
“Logro. Mais do que mentir, fica ilustrado que o PS está empenhado em enganar o país”.
“Fernando Medina e o secretário de Estado das Infraestruturas participaram na reunião que pediu esclarecimentos à CEO da TAP, e depois é o próprio secretário de Estado que pede [publicamente] esses esclarecimentos?”, perguntou.
“O governo não nutre qualquer respeito pela CEO [da TAP]. A denúncia de que na reunião de domingo elogiou o trabalho da CEO, compactua-se com o mesmo ministro vir exonerar a CEO no dia seguinte, em directo pelas televisões”.
Ou seja, Luís Montenegro acusa o ministro das Finanças de "não ter tido a coragem de lhe informar diretamente aquilo que veio mais tarde dizer na televisão", disse. “É de facto, indigno”, acrescentou.
“Os portugueses merecem e exigem com urgência uma posição pública do primeiro-ministro face a estes acontecimentos na TAP”, afirmou Luís Montenegro, numa declaração na sede do PSD, no Porto.
Os deputados do PSD acusaram ontem Medina e Galamba de não terem sentido de Estado quando demitiram Christine Ourmières-Widener.
A ainda CEO da TAP foi ouvida na terça-feira, na comissão de inquérito parlamentar convocada pelo Bloco de Esquerda. Após quase sete horas de audição, além de muitos outros pormenores que ficam conhecidos, gestora adiantou que teve uma curta reunião, de 10 ou 15 minutos, com o ministro das Infraestruturas, João Galamba, na manhã da conferência de imprensa, a pedido da presidente executiva da companhia aérea. Foi nessa conferência de imprensa que o ministro das Finanças anunciou a exoneração de Christine Ourmières-Widener, sem o conhecimento prévio da própria.
“Não sabia da justa causa, de todo, antes da conferência de imprensa. Estava apenas à espera de ser demitida”, disse Ourmières-Widener.
Questionada pela deputada do BE, Mariana Mortágua, se não tinha tido nenhum contacto ou nenhuma notificação da tutela, antes da conferência de imprensa de 5 de março, a informar que seria demitida, a CEO da TAP respondeu que teve uma reunião com Fernando Medina na véspera do anúncio da sua demissão (no domingo) e que, em nenhum momento, foi informada de que seria demitida com justa causa, apenas que a "situação estava complicada".
“Eu tive uma reunião com o ministro das Finanças no domingo à noite antes da conferência de imprensa e durante essa discussão ele expressou que a situação estava complicada, mas ele não me deu a informação que seria demitida com justa causa no dia seguinte”, respondeu.
Questionada pelo deputado do PSD, Paulo Moniz, sobre essa mesma reunião de 5 de março com o ministro das Finanças, Christine Ourmières-Widener assumiu que foi um encontro “pesado”. Foi-lhe expressamente pedido que se demitisse, apesar do reconhecimento do “trabalho fantástico” da gestora.
“O tom da reunião foi muito triste, dizendo-me que os meus resultados eram fenomenais e que eu tinha feito um trabalho fantástico, que era a pessoa certa para o cargo e que este processo [de indemnização a Alexandra Reis] tinha sido conduzido por mim com boa-fé, mas perante toda a pressão de diferentes partes, não restava ao Governo outra opção, não vendo a continuação do meu mandato”, afirmou Ourmières-Widener.
As afirmações da CEO da TAP têm deixado a descoberto factos que colocam membros do governo sob grande embaraço e que está a levar a oposição a exigir a António Costa explicações.
(notícia corrigida às 13h08)
*com Lusa
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