O primeiro-ministro, Luís Montenegro, falou a meio da segunda reunião extraordinária do Conselho de Ministros em dois dias, na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, Lisboa, após o corte generalizado no abastecimento elétrico que afetou na segunda-feira Portugal e Espanha.
Saiba aqui os principais pontos.
- Normal funcionamento da rede elétrica
"O sistema está a funcionar de forma autónoma", acentuou o primeiro-ministro. "Conseguimos fazer o reinício do sistema de produção de energia".
"O problema que foi causado não tem a ver com a falta de capacidade de produção e distribuição em Portugal", notou Luís Montenegro.
Comboios e metro estão também "a recuperar dos constrangimentos", assim como os aeroportos. Na saúde e na educação também está restabelecida a normalidade.
Luís Montenegro lembrou que o restabelecimento de energia foi "mais rápido em Portugal do que em Espanha, não obstante Espanha ter interligação com França e Marrocos".
- Acaba a crise energética
Devido à evolução da situação, o Conselho de Ministros decidiu não prolongar nem agravar a declaração de crise energética, que acaba hoje às 23h59. As medidas de limitação de combustíveis já não estão em vigor.
- Investigação: vai ser pedida auditoria independente
O primeiro-ministro anunciou que o governo vai pedir aos reguladores da energia europeia uma auditoria independente para "o apuramento cabal das causas desta situação".
"Precisamos de respostas tão rápidas quanto urgentes. Não vamos poupar esforços nos esclarecimentos perante um problema sério que não teve origem em Portugal", afirmou.
- Falhas no SIRESP
Montenegro assumiu, em resposta aos jornalistas, que existiram alguns problemas no funcionamento do SIRESP, mas lembrou que não foram novos. "O sistema de Proteção Civil funcionou e funcionou muito bem", disse ainda, realçando que desde as primeiras horas esteve em funcionamento uma célula de crise que trabalhou a par com o governo.
Além disso, destacou que a Proteção Civil enviou uma mensagem aos cidadãos às 17h00, mas que apenas foi recebido depois das 20h00, pelo que teve de ser adotada outra estratégia, nomeadamente a comunicação através das rádios e televisões. "As comunicações estavam em baixo e esse meio não era eficaz".
Montenegro admitiu que existiram, por exemplo, “anomalias no funcionamento” no Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), que realçou não serem novas.
“Faremos uma avaliação muito rigorosa do que aconteceu desse ponto de vista para ultrapassarmos por uma vez os constrangimentos de comunicação que o mau funcionamento desse sistema tem trazido de forma sucessiva”, disse.
- Comunicação do governo e desinformação
Do ponto de vista da comunicação do Governo, recordou as duas vezes em que falou aos jornalistas na segunda-feira, bem como as comunicações de outros ministros, como o da Presidência, aproveitando a capacidade de difusão das rádios e, mais tarde, das televisões.
Questionado se defende, como quando era líder da oposição, uma reflexão sobre a privatização da REN (Redes Energéticas Nacionais), Montenegro disse nada ter a acrescentar neste momento ao que pensava na altura.
“Não é agora, de repente, que nós vamos estar a fazer renascer esse assunto. Eu estarei disponível para o poder aprofundar a seu tempo, sem nenhum problema. Creio que essas coisas não se devem fazer a quente”, afirmou.
O primeiro-ministro aproveitou esta conferência de imprensa para fazer um balanço da normalização do abastecimento elétrico e do funcionamento dos serviços essenciais, salientando que o reinício do sistema foi feito com produção própria de energia nacional.
“A recuperação da energia, a reabertura das escolas e as aulas, os serviços públicos essenciais estão a funcionar e esse restabelecimento acabou por ser mais rápido até em Portugal do que está a acontecer em Espanha”, salientou.
Montenegro apontou ainda o dia do apagão como o primeiro “na história de Portugal em que a desinformação e a manipulação tiveram a dimensão dos tempos modernos”, confessando que ele próprio se sentiu amedrontado por ter recebido notícias falsas difundidas com a chancela idêntica à de órgãos de comunicação social credíveis.
“Cada vez mais, nós temos de confiar na palavra das autoridades, mas na palavra que nos chega pelas vias corretas, na palavra que nos chega na forma correta, na palavra que nos chega no momento correto. Não vale a pena termos a pressa desmedida de encontrar resposta para tudo, de uma forma precipitada, porque isso é o caminho que abre espaço à manipulação”, alertou.
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