Em declarações aos jornalistas à chegada ao parlamento para o segundo e último dia de debate do Orçamento do Estado na generalidade, Rui Rio foi novamente questionado pelos jornalistas sobre a audiência concedida por Marcelo Rebelo de Sousa a Paulo Rangel, candidato à liderança do PSD, que foi divulgada na quarta-feira na página oficial de Belém.

“Obviamente que acho muito estranho que o Presidente da República receba um putativo candidato à liderança de um partido. Se for verdade o que vem nos jornais, que ainda por cima o que lá foram tratar foi a data das legislativas e tendo em vista a data das diretas do PSD, significa que vamos condicionar o país às diretas do PSD”, criticou.

Rio salientou que nem sequer os partidos foram ainda ouvidos sobre eventuais prazos para as legislativas antecipadas, caso se confirme o chumbo do Orçamento do Estado hoje à tarde.

“Se assim foi, peço desculpa, tenho o máximo respeito pela figura do Presidente da República, pelo professor Marcelo Rebelo de Sousa, mas tenho de discordar frontalmente”, disse.

E acrescentou: “Não é minimamente aceitável num país qualquer, neste caso um país europeu, que um chefe de Estado receba e possa combinar uma coisas com um líder da oposição”, disse, acrescentando rapidamente “líder da oposição interna".

Rio até admitiu que Paulo Rangel “estará no papel dele a pedir o que interessa”.

“O Presidente da República, se quer aceder a uma coisa dessas, não está na mesma sintonia de pensamento que eu, eu ponho o interesse nacional à frente”, referiu.

Rio recordou que, no último Conselho Nacional do PSD, em 14 de outubro, alertou que poderia existir uma crise política e propôs que o partido adiasse a marcação do seu calendário interno, o que foi ‘chumbado’, tendo sido convocadas diretas para 04 de dezembro e congresso para entre 14 e 16 de janeiro.

Questionado se vai pedir alguma audiência ao Presidente da República como candidato à liderança do PSD, Rio recusou esse cenário, dizendo que espera ser ouvido “rapidamente” como presidente do partido, a confirmar-se o ‘chumbo’ do Orçamento, como está previsto na Constituição em caso de dissolução.

Rio recusou responder se poderá fazer uma nova proposta de adiamento das diretas, reiterando que “cada coisa a seu tempo”, não querendo também adiantar qual seria a sua data preferida para eventuais legislativas antecipadas.

No entanto, defendeu que estas se devem realizar o mais depressa possível, admitindo que se possam atrasar um pouco para não coincidirem com o período de Natal e Ano Novo.

“Outra coisa é empurrar, empurrar, empurrar, não por nada de nada de especial, mas por qualquer coisa inventada para interferir - talvez interferir não seja a palavra adequada - para condicionar o futuro do país”, disse.

Dizendo ser o “primeiro defensor de todos os militantes do PSD”, Rio repetiu que “desde o primeiro dia” que disse que o interesse do país virá sempre antes do do partido.

“Na marcação de legislativas antecipadas, o que comanda a minha ação é o que é melhor para o país e não o que é melhor para o PSD, quem não gosta nas eleições diretas vote contra”, aconselhou.

Questionado se o Congresso do PSD pode realizar-se ainda em dezembro - circula entre sociais-democratas um requerimento, ainda sem assinaturas, de pedido de antecipação para entre 17 a 19 de dezembro, decisão que teria de ser tomada em Conselho Nacional extraordinário -, Rio voltou a remeter qualquer comentário sobre datas para mais tarda.

“Até hoje por volta das 5 da tarde, a etapa é Orçamento, essa pergunta vai colocar-se lá para o futuro”, disse.

O presidente do PSD voltou a ser questionado sobre eventuais votos desalinhados dos três deputados do PSD-Madeira e reiterou que “os 79 votos do PSD são contra o Orçamento do Estado”.

O semanário Expresso noticia hoje, na sua versão online, que na audiência do Presidente da República com Paulo Rangel um dos temas tratados foram os calendários para eventuais eleições antecipadas.

O tema deverá marcar a campanha eleitoral interna no PSD, já que Rio tem defendido que as legislativas se realizem “o mais rapidamente possível”, enquanto Rangel afirmou que "nunca haverá eleições em janeiro" e defendeu que "o normal" em caso de crise política será que se realizem em fevereiro ou em março.

Em 13 de outubro, quando avisou que um chumbo do Orçamento para 2022 "muito provavelmente" conduziria à dissolução do parlamento, o Presidente da República estimou que as eleições legislativas antecipadas se realizariam em janeiro, que o novo Governo tomaria posse em fevereiro e que só em abril haveria Orçamento, o que conduziria a "seis meses de paragem na vida nacional".

(Notícia atualizada às 12h04)

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