"A atitude vergonhosa e manifestamente xenófoba do deputado do Partido Socialista Beto Mendes, ao interromper de viva voz a intervenção do deputado Carlos Fernandes para sentenciar ‘não sabes falar nem ler português’, constitui uma ofensa inqualificável à realidade histórica migratória do povo madeirense e em especial aos milhares de pessoas que, tal como o deputado Carlos Fernandes, têm regressado nos últimos anos à Madeira", refere, em comunicado, aquele núcleo do PSD.

O grupo condena igualmente a postura "conivente do grupo parlamentar do PS/Madeira perante as declarações do deputado Beto Mendes".

Questionado pela comunicação social, Beto Mendes escusou-se a falar sobre o episódio, mas o líder parlamentar do PS/Madeira, Miguel Iglésias, minimizou o seu conteúdo, apesar de reconhecer que não tinha ouvido a intervenção do colega.

"Também admitimos que alguns apartes são, digamos, fora de tempo e não é mais do que isso"

"Da minha parte, eu não ouvi o aparte […]. Não queremos fazer disto algo que não é, mas, por vezes, também admitimos que alguns apartes são, digamos, fora de tempo e não é mais do que isso", explicou Miguel Iglésias, acusando o PSD de aproveitar a situação.

O deputado do PSD/Madeira na Assembleia Legislativa Carlos Fernandes elogiou na quarta-feira a política de acolhimento e apoio do Governo Regional aos lusodescendentes provenientes da Venezuela, dizendo ser "um exemplo nacional".

Carlos Rodrigues aproveitou a ocasião para acusar PS, BE e PCP de estarem "comprometidos" com os governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, ao ponto de não reconhecerem os "presos políticos" e as "atrocidades" que "são cometidas" naquele país.

Sobre esta questão, o social-democrata, no meio de alguma agitação no plenário, disse que o PS se “fartou de negociar com Chávez e Maduro".

O líder parlamentar do PSD, Jaime Filipe Ramos, chamou a atenção da Mesa da Assembleia Legislativa para o facto de Beto Mendes alegadamente ter ofendido Carlos Fernandes, ao declarar que este "devia aprender a ler e a falar português".