O valor será entregue à Fundação Aga Khan (AKF), que vai conduzir projetos sociais para apoiar grupos vulneráveis devido ao conflito naquela província do Norte de Moçambique, indica uma nota oficial distribuída após a assinatura do memorando que oficializa o apoio.

“No âmbito do objetivo global de melhorar a segurança alimentar e a resiliência económica das comunidades em Cabo Delgado, a AKF irá implementar um conjunto de ações adicionais durante um período de 12 meses, através do acordo celebrado. As ações serão integradas e reforçarão as iniciativas em curso”, refere-se na nota.

Os programas vão ter como publico alvo jovens, mulheres e pessoas menos favorecidas das comunidades, sendo a questão do género e diversidade um assunto transversal, acrescenta-se no documento.

“As ações adicionais enquadram-se em duas grandes categorias: ações orientadas para a educação e ensino no Instituto Agrário de Bilibiza, abrangendo a aprendizagem, infraestrutura e sustentabilidade do seu Campus em Ócua, no Distrito de Chiúre e, por outro lado, as ações de melhoria para as comunidades através de serviços e transferência de conhecimento e tecnologia”, conclui-se no documento.

A província de Cabo Delgado enfrenta há quase seis anos a insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

No terreno, em Cabo Delgado, combatem o terrorismo — em ataques que se verificam desde outubro de 2017 e que condicionam o avanço de projetos de produção de gás natural na região – as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Apesar de uma relativa estabilização da situação de segurança com apoio das forças estrangeiras, na última semana foi registado um novo ataque em Mocímboa da Praia, reivindicado também pela organização terrorista Estado Islâmico, através dos seus canais de propaganda, uma incursão que deixou, pelo menos, 10 óbitos em Naquitenge, uma aldeia do interior do distrito.

O conflito no norte de Moçambique já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, enquanto o Presidente moçambicano admitiu “mais de 2.000” vítimas mortais.