Num encontro com jornalistas à margem do 43.º Congresso Nacional da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que decorre em Macau, no qual a diretora de área de feiras da FIL e responsável pela BTL, Fátima Vila Maior, anunciou que o Centro será o "destino convidado" da feira em 2018, Pedro Machado afirmou que é preciso "urgentemente mudar a perceção de que o destino foi todo atingido e que, neste momento, não reúne condições para a fruição turística".
"A nossa primeira grande prioridade tem sido trabalharmos para mudarmos a perceção de que o destino não deixou de reunir as condições para receber todos os turistas, nacionais e estrangeiros e, portanto, queremos aproveitar muito essa mediatização que vai ocorrer por ocasião da BTL de 2018 e dizer ao mercado nacional, em primeira instância, que o Centro de Portugal foi, de facto, atingido, mas continua com infraestruturas, com equipamento, com oferta, com produto, com marcas que podem e devem continuar a ser promovidos e que estão em perfeitas condições para poderem continuar a afirmar-se como um destino turístico", disse Pedro Machado.
O presidente do Turismo do Centro de Portugal lembrou a importância que é para qualquer região, e neste caso para o Centro em particular, a presença na BTL.
"Todos temos a preocupação de preparar anualmente a nossa presença, é a maior montra e o maior evento que se faz de promoção enquanto feira a nível nacional e, portanto, é importante para qualquer destino a presença na BTL", considerou.
Pedro Machado falou da aposta na diferenciação na qual vêm a trabalhar há alguns anos e que considerou ser "por um lado, a marca, a diversidade, aquilo que diz respeito ao conjunto da oferta integrada do Centro de Portugal que não se confina a um ou dois produtos turísticos mais maduros, mas uma verdadeira panóplia de produtos turísticos que permitem chegar a vários públicos e a vários mercados em simultâneo".
Afirmações com as quais Fátima Vila Maior concordou, já que quando fez o anúncio para a BTL afirmou considerarem que o Centro de Portugal é um destino que "tem uma oferta enorme e muito diversificada".
"Em 2018, o 'destino convidado' da BTL vai ser o Centro de Portugal. Achamos que há um conjunto de situações, que estão criadas este ano, para que no próximo ano faça todo o sentido que a escolha tenha recaído sobre este destino", acrescentou.
"Numa primeira análise, infelizmente pelos desastres ambientais que ocorreram e, portanto, é um destino que tem que ter uma capacidade muito grande de se renovar e nós acreditamos que sim. Já foram dadas algumas provas, contudo, achamos que houve um grande mediatismo, e nós BTL queremos que esse mediatismo não fique só pelos meses a seguir, mas que de alguma forma seja transportado para o ano 2018", disse também, justificando a escolha.
Na quinta-feira, a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, disse, em Macau, que o Turismo de Portugal vai ter também um programa de incentivos financeiros para a realização de congressos nas zonas afetadas pelos incêndios.
Também na quinta-feira, o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, disse, no discurso de abertura do Congresso Nacional da APAVT, que a associação criou e custeou um 'site' sobre o turismo do Centro para ajudar à reconstrução daquele destino turístico afetado pelos incêndios.
"Do lado dos acontecimentos não desejados [em 2017], pela sua importância, não podemos deixar de salientar a tragédia dos incêndios, que afetou tão dramaticamente as gentes da região do centro, o nosso 'destino preferido' ['recomendado' pela associação] de 2017", afirmou o presidente da APAVT.
Acrescentou que a APAVT quer, por isso, estar ao lado da equipa do Turismo do Centro na "reconstrução do destino".
"Sobretudo porque, sendo verdade que, depois da tragédia, houve, e ainda bem, um espaço de solidariedade e ajuda, todos sabemos que espécie de solidão aí vem, quando as dificuldades permanecerem, mas a atenção mediática desaparecer", afirmou.
Por esta e "todas" as razões, Pedro Costa Ferreira anunciou que a APAVT vai ter, então, "à disposição do turismo do centro, o site 'O Centro das atenções', que será colocado online a todo o momento" e que, segundo o mesmo, cumpre uma promessa realizada num primeiro encontro com os agentes do setor da região após "a primeira tragédia".
O responsável garantiu ainda que o 'site' estará vivo "ao longo de, pelo menos, todo o próximo ano", chamando a atenção para "todas as oportunidades que se mantêm inalteradas, na região".
"A APAVT custeou integralmente este site e custeará integralmente a sua dinamização, na convicção profunda de que o que o centro mais precisa é que os seus parceiros repitam até à exaustão, que a melhor maneira de ajudar é irmos passar férias, e fazermos reuniões corporativas, naquela região do país", reforçou.
As centenas de incêndios que deflagraram no dia 15 de outubro, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 45 mortos e cerca de 70 feridos, perto de uma dezena dos quais graves.
Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.
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