O semanário Expresso divulgou hoje um relatório, que atribuiu aos serviços de informações militares, com cenários "muito prováveis" de roubo de armamento em Tancos e com duras críticas à atuação do ministro da Defesa Nacional, na sequência do caso conhecido em 29 de junho.

O Estado-Maior-General das Forças Armadas esclareceu, entretanto, “que o seu Centro de Informações e Segurança Militar não produziu qualquer relatório sobre o assunto”.

O líder do PS e primeiro-ministro, António Costa disse, em Lagos, desconhecer “em absoluto” o relatório, não querendo comentar no detalhe o assunto “no meio de uma campanha eleitoral”.

Para a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, o relatório hoje divulgado “vem confirmar aquilo que foi sempre a preocupação e a linha do partido, quando afirmou que o ministro da Defesa não esteve à altura do seu lugar e das suas responsabilidades” e que, “naturalmente, tem de ser responsabilizado" pela situação.

Já a coordenadora do BE, Catarina Martins, que esteve no Porto, disse continuar “a aguardar esclarecimentos cabais do Governo” sobre o furto de armas em Tancos, mas escusou-se a comentar o relatório dos serviços de informações militares sobre o caso.

Também a Norte, o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, num almoço de apoio ao candidato do partido à Câmara Municipal de Marco de Canaveses, José Mota, acusou o Governo liderado por António Costa de “tiques de autoritarismo” por ocultar ao parlamento informações sobre o furto de material de guerra em Tancos e questionou se o Presidente da República estará a par do relatório hoje divulgado.

Fora da campanha eleitoral, o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, insistiu que é necessário esclarecer o que se passou em Tancos, nomeadamente “se houve ou não atuação criminal, em que é que se traduziu e quem são os responsáveis”, mas escusou-se a comentar o relatório hoje divulgado.

Passando à margem das notícias sobre o relatório, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, fez campanha em Alcochete, com as caravanas autárquicas de CDU e PS a cruzarem-se "democraticamente" e o líder comunista a desvalorizar sondagens, preferindo "sentir o ambiente positivo".

O quinto dia da campanha para as eleições autárquicas de 01 de outubro ficou também marcado pelo regresso por uma manhã de Manuel Monteiro ao CDS, numa arruada em Alvalade, Lisboa.

Manuel Monteiro fez as contas e concluiu que já não fazia campanha pelo CDS, que liderou entre 1992 e 1998, há “17, 18 anos”.

No regresso à política para apoiar o candidato centrista à freguesia de Alvalade, Manuel Monteiro colocou Assunção Cristas como favorita na disputa com Fernando Medina (PS) pela Câmara de Lisboa.

“As eleições vão-se disputar entre o doutor Fernando Medina [PS] e a doutora Assunção Cristas [CDS]. Ou a continuidade com o doutor Fernando Medina ou a novidade e a inovação com os candidatos do CDS às juntas de freguesia e com a doutora Assunção Cristas para a presidência da câmara”, afirmou à agência Lusa a meio da arruada, na Avenida da Igreja, em Lisboa, remetendo o PSD e Teresa Leal Coelho para segundo plano.

Mais a norte, no Porto, o Presidente da República apelou aos portugueses que não se abstenham nas eleições de 01 de outubro.

“Espero, e apelarei a isso no final da campanha, que não haja muita abstenção” porque “quem não usa a arma do voto, acaba por desperdiçar essa arma”, frisou o presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou ainda que quem não vai votar, depois não tem autoridade para dizer “olha afinal, se eu tivesse votado, tinha sido diferente”.