Perante cerca de 100 mil pessoas presentes numa missa em Kaunas, na Lituânia católica, no dia em que o país recorda o quase extermínio da comunidade judaica do país no Holocausto, Francisco condenou a tentação de desejar a supremacia e o domínio sobre os outros.
Na segunda maior cidade lituana, Kaunas, onde se estima que apenas 3.000 judeus de uma comunidade de 37.000 tenham sobrevivido à ocupação nazi de 1941-1944, o papa rezou pelo dom do discernimento "para detetar a tempo quaisquer novas sementes dessa atitude perniciosa, qualquer sopro disso que possa tingir os corações de gerações".
No seu segundo dia nos países bálticos, Francisco deslocou-se a uma cidade onde 80% da população é católica.
No parque Santakos, onde também João Paulo II celebrou missa há 25 anos, Francisco afirmou na sua homilia que "a vida cristã passa por momentos de cruz, e às vezes parecem intermináveis", numa referência aos anos da ocupação soviética.
"As gerações passadas ainda têm gravado com fogo o tempo da ocupação, a angústia dos que eram deportados, a incerteza dos que não voltavam, a vergonha da delação, da traição", disse Francisco.
Este sofrimento, disse o papa, fez "vacilar a fé" a muitos, "porque Deus não apareceu para defendê-los".
O revisionismo histórico é um tema quente na Lituânia, onde lituanos comuns executaram judeus juntamente com os ocupantes nazis, praticamente eliminando a população judaica da capital, Vilnius, conhecida durante séculos como a "Jerusalém do Norte" devido à sua importância para o pensamento e a política judaica.
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