“Continuo primeiro-ministro. Vou trabalhar arduamente para recuperar a confiança”, disse Rutte, cujo partido, os Liberais (VVD), obteve a maioria nas eleições parlamentares do mês passado.

Rutte teve o apoio dos dois principais partidos da sua anterior coligação, os Progressistas (D66), de centro-esquerda, e o CDA (centro-direita), enquanto todos os partidos da oposição votaram contra o governante.

O episódio representa uma das batalhas políticas mais importantes da longa carreira de Rutte, no poder desde 2010.

Rutte foi acusado de discutir secretamente como apaziguar um deputado de outro partido, muito crítico do anterior Governo, durante as negociações para formar uma coligação governamental.

A polémica começou quando a ex-ministra interina do Interior, Kajsa Ollongren (D66) – que se demitiu na semana passada -, deixou acidentalmente papéis à vista, com notas pessoais sobre as reuniões que teve com os vários líderes políticos e comentários sobre a posição de alguns deputados, permitindo que o seu conteúdo fosse fotografado.

Uma das anotações mais polémicas, que se tornou pública, diz respeito ao deputado democrata-cristão Pieter Omtzigt (CDA), sobre quem as notas insinuavam que poderia representar um problema para uma possível coligação governamental com liberais e progressistas, propondo atribuir-lhe um cargo.

O deputado tinha lançado o alerta num escândalo em que milhares de pais foram injustamente acusados de fraude em abonos de família, levando à demissão de Mark Rutte, em meados de janeiro, a dois meses das eleições.

Rutte disse inicialmente que não tinha discutido o assunto, nas na quinta-feira afirmou que se tinha “recordado mal”, quando os documentos das negociações mostraram que tinha discutido a possibilidade de fazer de Omtzigt ministro.

Nessa altura, disse que “lamentava profundamente” o episódio.

A formação de uma coligação é um processo que pode demorar meses nos Países Baixos.