O documento, entregue hoje no Parlamento pela Associação de Polícia Holandesa (NPB) para denunciar a falta de pessoal e de recursos, foi realizado através de entrevistas a 400 agentes da polícia judiciária.
Embora os números oficiais apontem para uma redução do crime, a associação sindical considera que isso se deve ao facto de muitas vítimas não denunciarem os casos às autoridades, dada a falta de capacidade de resposta da polícia.
Segundo o relatório, os polícias estão sujeitos a uma carga de trabalho excessiva, que os impede de investigar uma parte dos delitos, em alguns casos, quatro em cada cinco crimes. No total, anualmente, 3,5 milhões de delitos ficam por investigar por falta de meios, segundo o relatório.
Esta situação, adverte a polícia, dá margem aos criminosos para desenvolver as suas atividades “à vontade” e, graças ao tráfico de droga, tornar-se “empresários ricos, com interesses na hotelaria e no mercado imobiliário”.
“Nos últimos 25 anos vi pequenos traficantes transformar-se em grandes empresários, com bons contactos com políticos e com investidores respeitados”, disse um dos polícias citados no relatório.
Segundo números da Europol citados pelo jornal The Guardian, a maioria do ‘ecstasy’ consumido na Europa e nos Estados Unidos é produzida no sul da Holanda por organizações ligadas à produção de ‘cannabis’ e metade da cocaína consumida anualmente na Europa entra no continente pelo porto holandês de Roterdão.
Além da droga, o abuso sexual é um “problema social subestimado” na Holanda, segundo a NPB, e a polícia depara-se com um aumento importante dos casos de tráfico de pessoas para prostituição forçada, pornografia infantil e ‘revenge porn’, o ato de divulgar publicamente vídeos íntimos sem o consentimento dos envolvidos.
Os crimes contra idosos registam também um aumento, nomeadamente burlas, roubos e agressões.
“Os polícias sentem-se esquecidos e as vítimas são os cidadãos”, lamenta a associação sindical, que pede ao governo a contratação a curto prazo de 2.000 polícias de investigação.
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