O antigo líder centrista defendeu que depois de terem "colonizado os jornais clássicos", que hoje se tornaram "uma imitação das redes sociais", aquelas plataformas "preparam-se para colonizar os partidos políticos e tornarem os partidos políticos em brigadas de reação rápida, sem crivo nenhum".

Num debate na 'escola de quadros' da Juventude Popular, em Peniche, sobre "nacionalismos e populismos", Paulo Portas alertou para o caráter emotivo das redes sociais, ao contrário das instituições, que são racionais e albergam maiorias e minorias "definidas em silêncio no voto".

Num painel em que interveio primeiro o porta-voz para os Assuntos Exteriores do PP espanhol, José Ramón García-Hernández, Portas fez uma exortação aos moderados.

"Os moderados tem de ser mais eles próprios no debate político e ser ofensivos e não ficar à espera que os populistas ocupem o espaço da mentira", exortou, considerando "um bom sinal o que já está a acontecer ao Podemos", o partido espanhol de Pablo Iglesias.

Paulo Portas falou durante quase uma hora, expondo uma argumentação de combate ao protecionismo e ao fecho de fronteiras a migrantes e refugiados.

Enumerando os Estados Unidos, o Reino Unido pós 'Brexit' e a Catalunha, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros apontou que atualmente já se pode avaliar como governam os populistas: "A conclusão não é boa".

Segundo Portas, apesar de diferentes, os dirigentes daqueles dois países e região espanhola têm em comum "uma absoluta impreparação para governar, uma radical incompreensão do que é a globalização e o processo de integração económica e uma enorme dificuldade de chegar a compromissos".

"Os populistas venderam uma ideia errada da globalização e venderam uma ideia hostil da imigração. Se queremos reequilibrar o debate, além da manifesta incompetência, temos de ir à jugular e dizer-lhes: 'Vocês estão errados'", declarou.

Fazendo uma defesa da política de acolhimento da chanceler alemã Angela Merkel, do comércio livre e do acolhimento de migrantes, Portas argumentou que "os países progridem quando são abertos, acolhedores e competitivos".

"Quanto mais comércio, mais paz. Quanto mais comércio, menos pobreza extrema, quanto mais comércio, mais capacidade de gerar crescimento", defendeu, advertindo que "se a União Europeia não quiser fazer acordos de comércio, vai ficar mais isolada, perder oportunidades e ver o mundo da economia moderna fugir-lhe debaixo dos pés".

Portas argumentou que a Europa corre o risco de se tornar "um continente extraordinário para se visitar, mas como se visita museu", porque "tudo o que é novo, ágil, dinâmico, conquistador e tem risco" está a passar-se noutros continentes.

José Ramón García-Hernández começou por definir o nacionalismo como "uma falsa resposta para os problemas do século XXI", e o populismo como algo que "oferece respostas simples a problemas complexos", numa intervenção centrada na questão catalã.

"O patriota ama, o nacionalista exclui", frisou, argumentando que, na mesma linha, "um populismo nunca oferece consenso, oferece poder, relações de poder".