Três em cada dez portugueses entre os 25 e os 43 anos não concluíram o ensino secundário, segundo dados do relatório internacional relativos a 2016, que colocam Portugal entre os últimos de uma lista dos 35 países da OCDE.
Com taxas de escolaridade inferiores a Portugal encontram-se apenas o México, onde a maioria dos jovens adultos (52%) não concluiu o secundário; a Turquia, com uma taxa de 44% de insucesso escolar; e a Espanha, onde 34% dos jovens também não terminaram os estudos.
Apesar de continuar longe das médias da OCDE (15%) e da União Europeia (14%), Portugal destaca-se como o país que mais melhorou nos últimos tempos: Em 2011, a maioria dos jovens adultos portugueses (56%) não tinha terminado o secundário e, em apenas cinco anos, houve uma redução de 26 pontos percentuais.
Mas ainda existe um longo caminho por percorrer, em especial entre os homens, já que 38% dos rapazes entre os 25 e os 34 anos nunca chegaram a terminar o ensino obrigatório, contra 23% das raparigas.
Esta diferença de 14 pontos percentuais “é a maior de todos os países da OCDE”, revela o relatório hoje divulgado, que mostra que na OCDE a diferença entre sexos é de apenas três pontos percentuais.
Em Portugal, este fosso mantém-se nos restantes níveis de ensino e, apesar de as mulheres estudarem mais, os homens conseguem salários mais elevados: "As mulheres ganham menos independentemente do seu nível educacional e a diferença é maior em Portugal do que na média da OCDE”, lê-se no relatório.
No total da população portuguesa, um em cada quatro adultos não conseguiu terminar o ensino obrigatório, o que representa mais do dobro da média da OCDE. Entre os mais jovens, a situação não é tão dramática e tem melhorado muito nos últimos anos: se em 2007 mais de metade não tinha o diploma do 12.º ano, em 2017 já eram 70%.
O relatório associa a baixa escolaridade à desigualdade salarial, um drama a que o país não escapa: “Portugal tem uma das maiores percentagens de adultos sem o ensino secundário de todos os países da OCDE e está acima da média das desigualdades salariais”.
Outro dos aspetos novamente analisados é a relação entre o meio socioeconómico das famílias e as oportunidades de acesso e sucesso académico.
No acesso ao ensino, o relatório aponta a importância das creches ou de estar com educadores desde tenra idade e revela que em Portugal as crianças favorecidas continuam a ter mais sorte.
A diferença entre a percentagem de crianças nas creches ou infantários cujas mães concluíram o ensino superior e as crianças cujas mães não passaram da escolaridade obrigatória é de 17 pontos percentuais. Uma diferença também muito acima da média da OCDE (10 pontos percentuais).
Tem havido um aumento de investimento na educação destinada aos mais pequenos: Entre 2005 e 2016 a taxa de matrícula de crianças até aos três anos passou de 64% para 83% e entre as crianças de 4 anos aumentou de 79% para 90%.
O investimento na educação pré-escolar representa cerca de 0,6% do PIB português, uma percentagem semelhante à média dos países da OCDE e da União Europeia. No entanto, o custo médio de um aluno em Portugal ronda os 6 mil euros anuais e a média na OCDE passa os 7.250 euros.
Além disso, a participação de verbas privadas no ensino pré-escolar em Portugal é bastante elevada (36% contra 64% de investimento estatal), sendo 20 pontos percentuais acima da média da OCDE, refere o relatório sublinhando a importância de as famílias terem acesso à educação.
O relatório aponta ainda para uma diminuição de educadores (menos 9% entre 2005 e 2016) e um aumento de crianças nas escolas, que se traduziu um rácio de um professor para cada 17 crianças que frequentavam o pré-escolar em 2016, ou seja, mais três do que a média da OCDE.
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