Conhecida como a polícia dos polícias, a juíza Margarida Blasco inicia o terceiro mandado na liderança da Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) e deu uma entrevista ao Público e à Renascença onde admite a possibilidade de presença da extrema-direita nas polícias, acrescentando ainda que dispõe apenas de 14 inspetores para investigar 50 mil polícias.

Questionada, no âmbito das conclusões do Relatório Anual de Segurança Interna de 2017 que detetou a infiltração de pessoas de extrema-direita no sector da segurança privada, se existe o mesmo tipo de influência nas forças de segurança, Margarida Blasco respondeu que "é uma situação que tem sido muito fiscalizada, até porque há departamentos na PSP que fazem esse controlo. A IGAI acompanha estes fenómenos a par e passo, para evitar que se instalem o progridem".

Todavia, a juíza diz não ter "indicação de que exista uma infiltração organizada, em forma de associação criminosa". Existem queixas, de facto, "que são analisadas e investigadas", concluiu, sem adiantar detalhes.

Escusando-se a comentar processos em curso — como a dos agentes da esquadra da PSP de Alfragide acusados de tortura e racismo, ou da imigrante brasileira morta por engano pela polícia —, Margarida Blasco assegurou que o foco do IGAI é que "as forças e serviços de segurança cumpram intransigentemente os direitos humanos. E nisso somos intransigentes."

O IGAI dispõe de 14 inspectores no quadro, estando neste momento preenchidos 11 lugares, para inspeccionar 50 mil pessoas. "Obviamente concordo que é necessário ter mais inspectores", assumiu a responsável.