Em comunicado, a Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep) aponta que “centenas de produtores de leite representados por dezenas de cooperativas e associações, decidiram manifestar a sua revolta e indignação frente à sede da Lactogal, face a mais uma descida do preço do leite ao produtor, poucos dias depois de ter sido também anunciada uma redução do leite recolhido, redução que devia servir para evitar a descida do preço”.

“Podemos concluir que a Lactogal pretende pagar esta redução da produção com o dinheiro que tira aos produtores que, com esforço e sacrifício, desejam continuar a produzir e alimentar Portugal com o bom leite português”, lê-se no comunicado.

A Aprolep descreve que a Lactogal teve na sua origem três cooperativas que são ainda detentoras da totalidade do seu capital social e que uniram a sua capacidade industrial e comercial para, em conjunto, ombrear com as demais concorrentes no setor leiteiro.

A associação considera que “era suposto que dessa união, alicerçada no setor cooperativo e nos seus produtores, houvesse a capacidade de garantir o escoamento da produção recolhida pelas organizações fundadoras e se valorizasse o preço do leite pago ao produtor”.

Mas, segundo continua a descrever a Aprolep, “ao longo dos últimos anos, os administradores executivos da Lactogal adotaram o discurso de que a empresa está a atravessar uma grande crise e impuseram sucessivas descidas no preço do leite”.

“Acontece que os números não correspondem ao discurso demagogo desses executivos e, ano após ano, os lucros da Lactogal têm sido às dezenas de milhões, cerca de 44 milhões de euros no ano de 2017, que poderiam pagar mais quatro cêntimos por litro de leite se fossem encaminhados de forma justa para o produtor”, refere o comunicado sobre as razões da manifestação marcada para as 14:00 horas.

Desta forma, os produtores de leite falam em “ausência atual de estratégia e liderança da Lactogal” e desafiam as cooperativas fundadoras a “sentar-se à mesa e repensar o futuro da empresa”.

Também é exigido que o atual presidente do conselho de administração da Lactogal apresente demissão.

“Exigimos uma nova liderança da empresa, uma estratégia de cooperação, crescimento e inovação, o aumento urgente do preço do leite ao produtor e a redução dos salários milionários dos administradores”, sintetiza a nota da Aprolep.

Na terça-feira, dia em que foi anunciada esta manifestação, a agência Lusa falou com o presidente da Aprolep, Jorge Oliveira, que confirmou como motivos para a iniciativa desta tarde o pedido de demissão da atual direção da Lactogal: “Já não têm capacidade. Foram bons no seu tempo e agora já não estão capazes de lidar com os desafios atuais”, disse o dirigente.

Confrontada com estas afirmações, a Lactogal referiu, em resposta escrita enviada à Lusa, que “o preço quepaga pelo leite é superior ao que paga o mercado em Portugal e em Espanha, sendo, durante o corrente ano, superior em 7% face ao período homólogo do ano passado”.

A Lactogal explicou ainda que “paga o leite diretamente aos seus fornecedores cooperativas e uniões de cooperativas, não lhe competindo definir os preços que estas entidades decidem pagar aos produtores” e descreveu que “por força do seu pacto social, absorve todo o leite que as estruturas cooperativas que participam nos órgãos sociais da empresa e do grupo lhe entregam”.

“Os tempos estão particularmente desafiadores para o setor lácteo”, disse ainda a empresa, mencionando que “no ano de 2017 as estatísticas divulgadas relativas às entregas de leite de vaca efetuadas à indústria para transformação apontavam para um crescimento na União Europeia de cerca de 1%”, mas que “em Portugal o acréscimo foi de 0,1%”

“A verdade é que, apesar de se conhecerem as condicionantes do mercado desde 2015, a oferta de leite não parou de aumentar e o mercado mundial lácteo está saturado”, lamentou a empresa.

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