“O ministro Mário Centeno parece ter um problema, infelizmente. Mas não é com os professores, é com a verdade. Diz que não há dinheiro para os professores, mas continua a ter milhares de milhões de euros para os de sempre: são para as suspeitas e ruinosas Parcerias Público/Privadas; para as luxuosas reformas vitalícias e sempre para os mesmos banqueiros e amigos dos partidos”, criticou André Pestana, porta-voz do S.T.O.P., em declarações à Lusa.
A posição do recém-criado sindicato de professores surge na sequência da entrevista do ministro Mário Centeno ao jornal Público, na qual afirmou que o Orçamento do Estado (OE) tem de ser sustentável e que “não é possível pôr em causa a sustentabilidade de algo que afeta todos, só por causa” da contabilização do tempo de serviço dos professores.
“Este Governo não prioriza os serviços públicos, como a saúde e a educação, mas sim os mesmos de sempre”, criticou André Pestana, lembrando que os docentes vão continuar a lutar pela recuperação do tempo de serviço congelado para efeitos de progressão na carreira.
Desde o início de junho que os docentes estão em greve depois das negociações falhadas com o Governo a quem exigem a contagem dos nove anos, quatro meses e dois dias de trabalho realizado.
Segundo os últimos dados avançados pelo ministério da Educação (ME), no final da semana passada havia ainda cerca de 80 mil alunos (7%) sem notas atribuídas devido à greve, que continua a decorrer com o apoio do S.T.O.P., depois de as restantes estruturas sindicais terem terminado a paralisação a 13 de julho.
Esta semana, o Ministério da Educação enviou orientações às escolas para que concluíssem as avaliações até dia 26 de julho, indicando que os diretores só poderiam autorizar as férias aos professores que entregassem todas as notas dos alunos.
Para o S.T.O.P. esta posição é ilegal e o sindicato decidiu prolongar a greve durante o mês de agosto para impedir “a eventual prepotência de diretores que ousem chamar professores” para terminarem as avaliações.
À Lusa, André Pestana disse que o S.T.O.P. vai avançar com um processo judicial contra o ME e alguns diretores, por considerar que têm sido cometidas várias ilegalidades ao longo deste período de greve.
"Já temos várias provas de diretores que intimidaram professores para que lançassem as notas. Também temos provas de uma escola em que as notas do 2.º período foram transferidas para o 3.º período e muitos outros casos", exemplificou.
Comentários