Cerca de 50 pessoas reuniram em frente a uma esquadra, na margem esquerda de Paris, para apoiar a enfermeira, identificada como Farida, que foi detida durante uma manifestação de profissionais de saúde, na terça-feira.
A manifestação ocorreu numa altura em que sobem de tom as críticas à brutalidade policial, injustiça racial e desespero entre os profissionais de saúde por causa do estado dos hospitais públicos, que lutam contra a crise sanitária da pandemia de covid-19.
A filha de Farida, Imen Mellaz, anunciou que a sua mãe tinha sido libertada sob custódia, pouco antes da manifestação de hoje, depois de ter sido acusada de rebelião.
Antes de ser detida, a enfermeira foi vista a atirar pedras à polícia.
“Talvez as acusações sejam legítimas. Mas a violência policial não foi proporcional”, disse a filha da enfermeira.
Num vídeo compartilhado nas redes sociais, pode ver-se a polícia a arrastar a enfermeira pelos cabelos, enquanto ela pede o inalador e se vê a sua testa ensanguentada.
O sindicato dos enfermeiros disse que a enfermeira ficou com uma costela partida e alguns ativistas explicaram que a atitude da polícia faz parte de um padrão de comportamento, neste género de situações.
A porta-voz do Governo francês Sibeth Ndiaye justificou a detenção de Farida alegando que ela tinha já cadastro, com um histórico de atos agressivos.
“A detenção foi realizada com base em comportamentos anteriores da mulher”, explicou Ndiaye.
Membros de organizações sindicais, ativistas do movimento dos “coletes amarelos” e vários colegas participaram hoje na manifestação em solidariedade com a enfermeira.
“Estamos sujeitos a violência todos os dias, no trabalho. Estamos sujeitos também nas manifestações, embora se trate apenas de fazer os nossos pedidos serem atendidos”, disse Etienne Charenton, uma enfermeira de um hospital psiquiátrico, que se manifestou hoje.
Uma outra detenção capturada por imagens de vídeo, esta semana, de uma mulher negra numa estação de caminhos-de-ferro nos arredores de paris, também provocou indignação nas redes sociais.
Nessas imagens, os agentes empurram a mulher e detêm-na, prendendo-a no chão, enquanto ela grita e um espetador grita repetidamente que a senhora está grávida.
As autoridades ferroviárias francesas disseram hoje, num comunicado, que a as imagens aparecem fora de contexto e que a mulher cuspiu nos agentes, tendo-os depois mordido, quando tentava entrar num comboio sem ter bilhete.
Também hoje, algumas centenas de polícias deixaram as suas algemas na sede da polícia em Paris, para exigir melhores condições de trabalho e para pedirem a demissão do ministro do Interior.
A manifestação de hoje dos agentes de segurança foi a mais recente de uma série de ações de protesto, em toda a França, em resposta aos recentes incidentes com pessoas que se opõem à violência policial e o racismo, depois da morte do afro-americano George Floyd, asfixiado enquanto estava sob escolta policial, em Minneapolis, nos EUA, no passado dia 25.
Os sindicatos de polícia franceses obtiveram uma vitória, esta semana, quando o Governo recuou na proibição do uso de estrangulamento durante as detenções (a prática usada contra George Floyd e muito criticada por movimentos ativistas de direitos civis).
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