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O PS perdeu 22 câmaras e não conseguiu ganhar nas principais capitais de distrito do país: Lisboa, Porto, Braga ou Setúbal. Das cinco mais populosas, venceu apenas Coimbra, em coligação com Livre e PAN, com o mesmo número de mandatos que o PSD (com CDS e IL).

Entre as principais derrotas do Partido Socialista estão Sintra, onde o PS (+Livre) perdeu a presidência da câmara para o PSD (em coligação com IL e PAN), apesar de ter tido quase mais seis mil votos do que em 2021. Basílio Horta estava em limite de mandatos e a candidata Ana Mendes Godinho ficou atrás do social-democrata Marco Almeida, o novo presidente. Um caso em que a diminuição da abstenção (votaram mais quase 33 mil eleitores) beneficiou sobretudo o Chega.

Em Vila Nova de Gaia a queda do PS foi ainda maior: perdeu quase 19.500 votos e quatro mandatos - nesta matéria ficou em pé de igualdade com o PSD, o que poderá trazer fricções futuras em termos de governação. A perda de mandato de Eduardo Vítor Rodrigues, confirmada pelo Tribunal Constitucional em Maio, por crime de responsabilidade cometido no exercício de funções, pode ter tido peso. Regressa Luís Filipe Menezes.

Em Beja, o PS perde a capital de distrito para o PSD e fica empatado em número de mandatos com os sociais-democratas e com a CDU, dois para cada. São menos mais de 1.500 votos (o PSD ganha quase 2.600). Ainda no mesmo Alentejo, mas em Almodovar, o PS baixa de 70,84% em 2021 para 43,67% em 2025, perde dois mandatos e cede a presidência também ao PSD.

No Entroncamento, distrito de Santarém, o PS cai duas posições, deixa a presidência para o Chega e fica atrás do PSD. O PS perde nas duas freguesias do concelho: São João Baptista para os sociais-democratas, Nossa Senhora de Fátima para o Chega. O município é agora presidido por Nelson Cunha.

Em Sines, o PS foi batido por outro dos grandes derrotados do dia, o PCP (a CDU perdeu sete câmaras). O Partido Socialista baixou de 50,24% para 16,51% e passou de primeira para terceira força política no município. Recorde-se que em 2023, o autarca socialista Nuno Mascarenhas foi detido e já tinha sido condenado no âmbito do inquérito sobre a exploração de lítio e de hidrogénio que levou à demissão do primeiro-ministro António Costa.

Também houve exceções e o PS conquistou algumas câmara. Além de Coimbra, Évora, Bragança ou Viseu. Évora, que estava nas mãos do PCP desde 2013, regressa ao Partido Socialista, agora com Carlos Zorrinho na presidência. O PS cresceu 2.029 votos, mas teve apenas mais 156 votos do que o PSD.

Bragança, até aqui um bastião do PSD, é agora do PS, que aumentou quase 5.700 votos em quatro anos e subiu de dois para quatro mandatos. Sai Paulo Xavier, entra Isabel Ferreira. No distrito, contudo, mantém-se o empate, com o 28 mandatos para o PS e 28 para o PSD.

Em Viseu, a vitória do PS fica na história e à segunda João Azevedo conquistou o poder, que esteve 28 anos nas mãos de Fernando Ruas, do PSD. Os dois partidos empatam em mandatos, ainda assim, quatro para cada um.

Com estes resultados, o PS deixa a presidência da Associação Nacional de Municípios Portugueses, que será ocupada pelo PSD, que nestas eleições conquistou 22 câmaras (136 no total) e ocupa agora a presidência dos cinco maiores concelhos do país.

Chega continua a ir buscar votos à abstenção

O Chega passa para terceira força política, ganha a presidência de três câmaras - Albufeira, Entroncamento e São Vicente - e consegue 137 mandatos, contra apenas 19 em 2021. Cresce de 208.232 votos (4,16%) para 654.001 votos (11,86) no espaço de quatro anos.

A abstenção desceu, falharam 40,74% dos eleitores, contra 46,35% em 2021. Diminuiu também o número de votos em branco (1,74% contra 2,5%) e o número de votos nulos (1,18% contra 1,58%).

E foi à abstenção que o Chega foi buscar uma boa parte dos seus votos, tanto assim que em alguns concelhos, apesar de perder, o PS sobe em número de votos. No Algarve, o PS subiu mais de cinco mil votos, mas perdeu sete mandatos no distrito. No total, votaram mais 34.899 eleitores do que em 2021.

O PSD também conseguiu mobilizar mais eleitores, mas, ainda assim, caiu para terceiro lugar, depois do Chega, que conseguiu mais cerca de 20 mil votos do que os sociais-democratas.

A nível local, e ainda no Algarve, o PS perde a câmara de Vila do Bispo para o PSD, embora consiga mais votos do que em 2021, quando ganhou a presidência da autarquia (1.070 votos contra 869 votos). Neste caso, votaram apenas mais 100 eleitores do que há quatro anos, mas o desaparecimento do movimento de cidadãos "Somos Pelo Concelho - Vila do Bispo", que em 2021 ficou em segundo lugar, fossem redistribuídos pelos diversos partidos.

Em Aljezur acontece o contrário, e o Partido Socialista é ultrapassado pelo movimento de cidadãos, que obtém maioria absoluta. Com uma particularidade, o candidato vencedor é Manuel Marreiros, que já tinha sido presidente da câmara no passado, primeiro pela CDU (entre 1989-2001), depois pelo PS (2001-2009).

No Algarve, destaca-se a câmara de Faro, que o PS tira ao PSD, onde Rogério Bacalhau estava impedido de concorrer por limitação de mandatos. A abstenção baixou bastante, o PSD caiu perto de dois mil votos e o PS ganhou com pouco mais votos do que os sociais-democratas obtiveram em 2021, mas com menos dois mandatos.

Mas há mais concelhos que perde a Norte, como Melgaço, onde o PS reinava há mais de uma década, mas foi agora destronado pelo PSD. Perdeu cerca de 200 votos e dois mandatos, votaram mais mil eleitores no município estas eleições.

Movimentos de cidadãos e independentes são terceira maior força

Os movimentos de cidadãos e independentes foram a terceira força política mais votada, com 20 câmaras no conjunto, oito delas com maioria absoluta, mais um município do que há quatro anos. Reunem 307.217 votos, 5,57% do total. Segundo a Comissão Nacional de Eleições, concorreram a estas eleições autárquicas 618 grupos de cidadãos eleitores.

Entre independentes, contam-se Isaltino Morais (que teve o apoio do PSD), em Oeiras, e Maria das Dores Meira, antiga militante do PCP, que em 2021 não pode concorrer a Setúbal pela CDU por atingir o limite de três mandatos, mas que agora regressa como independente e com o apoio do PSD.

Poiares, Salvaterra de Magos, Condeixa-a-Nova, Aljezur, Figueiró dos Vinhos, Soure, Esposende, Montijo, Santa Cruz das Flores e Mafra estão entre as novas autarquias conquistadas por grupos de cidadãos eleitores.

Mas também houve perdas: Anadia, Batalha, Borba, Ribeira Brava, Marinha Grande, Peniche, Porto (onde Rui Moreira atingiu o limite de mandatos) ou Ílhavo.

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