
Saber a que horas passa o próximo autocarro, comboio, metro, barco ou eléctrico ajuda a tomar muitas decisões na nossa vida. É a diferença entre correr ou andar para apanhar o próximo transporte, tomar um café a correr ou saboreá-lo enquanto aguardamos pela viagem ou arranjar um lugar sentado ou ficar de pé em toda a nossa deslocação. Em Portugal, a Hitachi Rail GTS tem um escritório em Oeiras que desenvolve sistemas de informação ao passageiro há mais de três décadas e está a ajudar empresas como o Metro de Lisboa e a Infraestruturas de Portugal (IP) a melhorarem a comunicação com os utentes. Os reflexos desse trabalho poderão ser vistos a partir de 2026.
No Metro de Lisboa, há 10 estações onde o novo sistema de informação ao passageiro vai ser instalado no primeiro trimestre deste ano: Aeroporto, Alameda, Baixa-Chiado, Cais do Sodré, Campo Grande, Jardim Zoológico, Marquês de Pombal, Oriente, Saldanha e São Sebastião. Em seis destas estações – Alameda, Baixa-Chiado, Campo Grande, Marquês de Pombal, Saldanha e São Sebastião - , o novo sistema vai servir duas linhas em simultâneo. Os passageiros passarão a saber o tempo de espera “dos próximos três comboios”, em vez de apenas um, como actualmente, fornecer dados sobre o estado de circulação em cada linha e “informações gerais de carácter operacional”, explica ao SAPO24 fonte oficial do metropolitano da capital.

Não há indicação, para já, sobre quando as restantes estações do Metro de Lisboa serão contempladas com novos monitores e se haverá alguma opção a indicar quais as melhores zonas para entrar no comboio, ou seja, onde há menos ocupantes e mais espaço para chegarem mais passageiros. Para garantir que a informação vai chegar aos novos ecrãs, até ao final deste ano será instalado um novo sistema de gestão de informação para depois o Metro de Lisboa “alimentar” os novos monitores com informações de serviço e outras que entender serem pertinentes para os seus passageiros.
“A disponibilização aos clientes de informação em formato digital de forma dinâmica permitirá atualizar o sistema existente face às novas necessidades operacionais e comerciais, diversificará conteúdos adaptando-os às necessidades dos clientes, em suma, facilitará e simplificará as deslocações promovendo, consequentemente, o uso do transporte público”, sinaliza fonte oficial da transportadora.

Saltando do metro para o comboio, o nível de informação é diferente conforme o tipo de serviço a utilizar: num comboio suburbano e regional, por exemplo, dá muito jeito saber quais são as carruagens onde estão menos pessoas, para talvez encontrar um lugar sentado; num comboio Intercidades ou Alfa Pendular, é importante saber a ordem das carruagens, a que número corresponde o lugar marcado e em que local da plataforma tenho de embarcar no comboio. Informações como estas são determinantes para reduzir o tempo de entrada e saída dos passageiros, melhoram o fluxo de circulação e facilitam a vida a toda a gente. Nos comboios Intercidades, não raras vezes, os passageiros percorrem todo o comboio até chegar ao lugar porque praticamente não há informação à vista do número da carruagem.
Os novos painéis de informação ao passageiros colocados nas plataformas já são capazes de dar todas as informações acima mencionadas, conforme o SAPO24 pôde testemunhar no laboratório da Hitachi Rail GTS em Portugal. Mas da demonstração à realidade vai uma longa distância: na estação do Oriente, os novos painéis de informação, instalados há menos de um ano, apenas indicam a hora de partida do comboio, linha, tipo de serviço, estação de destino, paragens intermédias, o operador responsável pela viagem e ainda um rodapé para possíveis informações de serviço. O mesmo cenário nos painéis instalados, por exemplo, nas estações de Viana do Castelo e de Valença, na Linha do Minho.
A instalação do sistema de informação ao passageiro é da exclusiva responsabilidade da Infraestruturas de Portugal, Os dados, no entanto, vêm da CP: “é necessário que seja transmitido pelos operadores a informação sobre o material circulante a utilizar nos comboios planeados em horário”, destaca ao SAPO24 fonte oficial da IP”. A CP responde que tem “celebrado protocolos de partilha de dados com a IP” e que no último trimestre de 2024 “concluiu um projeto de informação em tempo real”, que inclui a localização dos comboios. Fonte oficial da transportadora indica que pretende, no futuro, partilhar informação com a IP para “fins de gestão dos serviços, e eventualmente, para melhorar os sistemas de informação aos passageiros”. No entanto, a CP nada refere sobre a indicação das carruagens dos comboios e os indicadores de ocupação em tempo real por códigos de cores.

Voltando à IP, nas estações de São Bento e de Campanhã, ambas no Porto, os novos monitores de partidas e de chegadas, desenvolvidos pela Hitachi Rail GTS, substituíram os antigos quadros com fundo preto e letras e números amarelados. Ainda neste ano, prevê-se que os novos painéis cheguem a todas as linhas na estação de Santa Apolónia, em Lisboa. Nos próximos três anos, adianta a IP, serão instalados novos painéis de informação na Linha da Beira Alta, Linha de Cintura, Linha do Norte (em todas as estações entre Braço de Prata e Santarém), Linha de Leixões, Linha do Douro (entre Caíde e Régua), Linha do Oeste (entre Meleças e Caldas da Rainha), Linha de Cascais e Linha do Algarve. Resta saber quando os painéis irão disponibilizar toda a informação para facilitar a vida aos passageiros.
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