A situação foi detetada na semana passada em terrenos do município de Ovar, distrito de Aveiro, e a associação nacional de conservação da natureza registou a ocorrência com fotografias e geolocalização, mas, entretanto, parte dos resíduos já foram soterrados com recurso a maquinaria pesada.
“A área é propriedade da Câmara Municipal e confina com a Zona Industrial de Ovar, mas a informação que temos é que este aterro já existe há muito tempo e tem aumentado nos últimos meses, com vários locais do pinhal a servirem de depósito para resíduos de obras públicas”, afirma Raul Silva, diretor da Quercus Aveiro e vice-diretor da mesma organização a nível nacional.
A terraplanagem do terreno terá servido “para soterrar os resíduos”, mas, segundo declarou o mesmo responsável à Lusa, parte do material fotografado ainda pode ser observada noutras zonas da floresta e, “se houver uma investigação ao local, também será possível identificar o que ficou debaixo da terra”.
O que “continua à luz do dia” noutros pontos do pinhal é “amianto, resíduos de construção civil e lápides de cemitério”, entre outros “materiais que deviam estar a ser encaminhados para o ecocentro que a Câmara inaugurou ainda há pouco tempo a pouca distância do local”, nomeadamente a cerca de dois quilómetros.
Na zona terraplanada também foi entretanto instalado “um portãozinho, que não terá grande utilidade para além de inibir o acesso das pessoas que se queiram aproximar do terreno em causa para ver o que lá andam a depositar”.
Considerando que a lixeira se encontra em pleno Perímetro Florestal das Dunas de Ovar, que é a mesma área onde o abate de 247 hectares de pinheiro-bravo vem gerando polémica desde janeiro e já motivou a abertura de uma investigação pelo Ministério Público, Raul Silva reclama uma fiscalização rigorosa ao local por parte das entidades públicas com responsabilidade na conservação e manutenção do pinhal.
“Estamos a falar de uma área muito grande e muito sensível, próxima dos 20 hectares de pinhal que vão ser alienados para a empresa Flex. É preciso que as autoridades investiguem o que lá se está a passar e a comunidade também deve ficar atenta, porque, se as entidades que devem fiscalizar o que lá se passa também têm responsabilidade nisto, então denunciá-las e impor consequências torna-se ainda mais importante”, concluiu.
A Lusa pediu uma reação à Câmara Municipal de Ovar, proprietária do terreno, e ao Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, ao qual cabe a gestão do património natural da zona, mas ainda nenhuma das duas entidades prestou esclarecimentos sobre o assunto.
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