No final de uma audiência de cerca de uma hora com Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, Rui Rio admitiu que o recente alerta do chefe de Estado para "uma forte possibilidade de haver uma crise na direita portuguesa nos próximos anos" foi abordado na reunião.

“Falámos sobre isso, aquilo que é a nossa leitura não é assim tão distante daquilo que é a leitura do Presidente da República”, afirmou.

“Se nós dissermos que há uma crise na direita, ponto final, essa não é a minha leitura, mas também não é exatamente aquilo que ouvi o Presidente dizer”, acrescentou.

Para Rio, o que existe “é uma crise no sistema político” e, ainda mais vasta, no regime.

“Então se há uma crise no regime, há seguramente na direita como há na esquerda, como há também na justiça”, apontou.

Rio considerou que a crise do regime incide sobre o sistema político e, logo, sobre “todos os partidos, da esquerda à direita”.

O líder do PSD foi a Belém acompanhado do secretário-geral, José Silvano, do líder parlamentar Fernando Negrão e dos vice-presidentes David Justino e Elina Fraga.

“Aquilo que mais nos preocupa é a situação em que se encontram os serviços públicos. Desde que este Governo entrou em funções, os serviços públicos tiveram uma degradação brutal”, acusou, apontando como exemplos o Serviço Nacional de Saúde, os atrasos na atribuição de reformas pela Segurança Social ou a degradação nos transportes.

Rui Rio acusou o PS de tomar “medidas desgarradas” que, mesmo quando são “boas ideias” – como a dos passes sociais – depois são “mal executadas e revertem em pior qualidade de vida para as pessoas”.

“Temos problemas claros no presente, e temos problemas no futuro, por força da inação do presente e das políticas que estão a ser seguidas”, alertou, apontando sinais “preocupantes” também na balança de pagamentos, com as importações a crescerem mais do que as exportações.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, começou na quarta-feira a receber os partidos com assento parlamentar, no quadro dos seus “contactos regulares” com as forças políticas.

O primeiro partido a ser recebido pelo chefe de Estado no Palácio de Belém foi o CDS-PP, na quarta-feira. Hoje, além do PSD, serão recebidos o PCP e o PAN, enquanto na sexta-feira realizam-se os encontros com o BE e o PS.

Na noite das eleições europeias, em 26 de maio, o chefe de Estado referiu-se a estas audiências, afirmando que pretendia "ouvir os partidos políticos sobre a situação, política, económica e social portuguesa, e ouvi-los também sobre as perspetivas de uma ainda longa pré-campanha eleitoral e de uma campanha eleitoral que só se realizará em setembro" para as legislativas de 06 outubro.

(Notícia atualizada às 13h29)