Em comunicado, apela aos municípios do Norte, às organizações e empresas e outros agentes desta região para que se “manifestem publicamente, opondo-se à posição” da companhia aérea nacional.

“Escusamo-nos a descrever a percentagem irrisória de voos da TAP com origem no Aeroporto do Porto, tendo em conta os cerca de 250 voos anunciados para o mês de julho”, refere o sindicato, lamentando que a TAP “continue a olhar para o país com os mesmos tiques de centralismo” de outras instituições.

A companhia aérea nacional publicou na segunda-feira o seu plano de voo para os próximos dois meses que implica 27 ligações semanais em junho e 247 em julho, sendo a maioria de Lisboa.

“Numa altura em que se prepara uma injeção brutal de capital na companhia, por parte do ‘Acionista Contribuinte’, e na qual o ‘outro’ acionista, que por sinal é o administrador da companhia, continua isento desse esforço, questionamo-nos se é este o modelo de gestão privada que faz o sucesso. E se é este o modelo de gestão que sustentará o futuro do Grupo TAP”, salienta o sindicato.

Segundo o STTAMP, “é incompreensível que um país que nos últimos anos tem tido no turismo uma das mais importantes componentes da sua balança comercial, concentre de uma forma inqualificável a operação aeroportuária na região de Lisboa, fustigando uma vez mais a economia da região Norte, mantendo a linha do centralismo bafiento que a história de Portugal desde há muito regista”.

Refere que “as centenas de trabalhadores” representados pelo STTAMP e tantos outros, cujas vidas dependem direta ou indiretamente da atividade do Aeroporto do Porto, “não aceitam de forma pacífica tal descriminação, principalmente no momento em que a esmagadora maioria destes trabalhadores, em muitos casos os dois elementos do agregado familiar, se prepara para o prolongamento de, pelo menos, mais um mês em regime de ‘lay-off’”.

Por estas razões e muitos outros “fatores adversos”, exige “uma responsabilização por parte da atual administração da TAP, e uma tomada de posição urgente e determinada por parte do Estado português, legítimo representante dos interesses do ‘Acionista Contribuinte’ clarificando em definitivo a sua posição no controlo da empresa”.

O STTAMP sublinha ainda que, no seu entender, “a situação que aqui se relata é um duro golpe na economia da região Norte”.

“É uma violação grosseira nos princípios da coesão do território, pelo que deixamos aqui um apelo aos municípios da região Norte, às organizações e empresas e outros agentes desta região para que se manifestem publicamente, opondo-se à posição desta Administração da TAP que, sendo uma empresa nacional, nas condições atuais não está, certamente, a servir o país”, acrescenta.

A companhia aérea já tem a informação disponível no seu ‘site’, avisando que as rotas podem vir a ser alteradas caso as circunstâncias o exijam.

O plano de voo da TAP para julho prevê a reposição das ligações diretas do Porto a Paris, Luxemburgo e à Madeira.

A TAP tem a sua operação praticamente parada desde o início da pandemia, à imagem do que aconteceu com as restantes companhias aéreas, prejudicadas pelo confinamento e pelo encerramento de fronteiras apara conter a covid-19.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 344 mil mortos e infetou mais de 5,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 2,1 milhões de doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 1.330 pessoas das 30.788 confirmadas como infetadas, e há 17.822 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.