Concentradas hoje à porta da escola onde trabalharam com vínculo precário desde 2015, e onde uma delas "chegou a ter uma avaliação de 18,5 pontos em 20", como salientou o coordenador do Sindicato da Função Pública do Norte, as trabalhadoras divulgaram ter avançado para tribunal para recuperar os seus postos de trabalho.

"A 31 de agosto [de 2018], mesmo sabendo que havia autorização do Governo para todos os trabalhadores inscritos no Programa de Regularização de Vínculos Precários na Administração Pública (PREVPAP) prorrogarem os respetivos contratos, ela [a diretora da escola] não os autorizou, acabando por acontecer só depois da intervenção da DGESTE [Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares), denunciou o sindicalista.

E prosseguiu: "agora, aberto o concurso para regularizar o vínculo dos trabalhadores no âmbito do PREVPAP, estes trabalhadores ficaram todos com uma classificação de 6,5 pontos e foram despedidos na segunda-feira".

Afirmando tratar-se do "único caso no país em que os trabalhadores em vez de terem sido integrados foram despedidos" no âmbito do PREVPAP, Orlando Gonçalves enfatizou o facto de a Comissão de Avaliação Bipartida (CAB) do PREVPAP ter "aceitado os requerimentos, reconhecendo serem necessidades permanentes, após o que foram homologados e seguiu-se a abertura do concurso, mas acabaram despedidos por a diretora considerar que o currículo é insuficiente".

O coordenador revelou ter o sindicato interposto uma "providência cautelar para que os trabalhadores não percam o seu salário e sejam reintegrados".

Segundo Alzira Ribeiro, de 54 anos, assistente operacional, "os problemas começaram quando a diretora pediu o reembolso do dinheiro do subsídio de férias", referindo-se ao facto de em 2016 a "diretora ter exigido a devolução de 200 euros" por alegadamente "terem tido tempo a mais de férias".

Orlando Gonçalves precisou, sobre este assunto, que após a intervenção do sindicato, "verificou-se que eram os trabalhadores quem tinha dinheiro a haver".

"Depois disso fomos desprezados até que ontem [segunda-feira] fomos informados que o nosso contrato tinha terminado na sexta-feira", acrescentou a ex-funcionária.

Argumentando que "sem as seis pessoas demitidas, a escola está a funcionar mal", vincou "faltarem assistentes suficientes para limpar as salas ou cuidar dos alunos".

A opinião foi corroborada por Dulce Lopes, de 50 anos, assistente operacional que após receber a solidariedade de alguns dos alunos que saíram das aulas da manhã, afirmou-se "surpreendida" com a decisão da diretora da escola, a quem acusou de as ter "excluído do concurso por má-fé".

Sobre a solidariedade, que apesar da muita chuva que caía no momento da saída dos alunos, receberam, a ex-funcionária afirmou "haver mais que estão solidários", mas que por estarem com "medo de represálias" não se manifestam.

A Lusa tentou ouvir a diretora da escola, mas até ao momento não foi possível.